Eduardo “Calabar”, o traidor da Pátria e sua diplomacia servil: lobista de seu pai junto a Trump monta filial do Gabinete do Ódio nos EUA

1 de agosto de 2025, 03:05

O deputado licenciado – a rigor um ex-deputado e um ex-brasileiro, já que decidiu se “exilar” nos Estados Unidos e defender os interesses ianques acima dos de seu país natal – queria ter nascido lá, quem sabe, nos braços de Mickey, na Disney, em frente ao Castelo da Cinderela – Eduardo “Calabar” Bolsonaro atua ativamente nos EUA como conspirador contra seu país e lobista junto à administração Trump. Isto é um fato. O episódio do tarifaço – seus posts são asquerosos -, e sua atuação junto à Casa Branca, confirmam seu papel como peça-chave na articulação dos interesses norte-americanos, tendo como alvos principais o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. Eduardo tem montado uma rede de traíras com o “influencer político” Paulo Figueiredo, radicado nos EUA e neto do último ex-presidente da ditadura João Figueiredo – o homem que preferia o cheiro dos cavalos ao do povo – uma transnacional do Gabinete do Ódio. É interessante lembrar que Figueiredo colocou Trump numa de suas maiores roubadas empresariais, a construção do Trump Hotel Rio de Janeiro, um fracasso retumbante. Mas “that’s is peanuts” para Trump.

“Bananinha”: peça-chave na articulação dos interesses norte-americanos, tendo como alvos principais o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. Gabinete do Ódio made in USA. Reprodução.

Para quem se impressionou com a traição de Eduardo como um dos principais defensores do “tarifaço” de Trump — uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros importados pelos EUA -, subestimou seu mau-caratismo, sua índole e sua estratégia de poder: devolver o pai ao Planalto num golpe de Estado, agora bancado pelos EUA do “daddy” Trump. O fato, e a história contará, é que Eduardo foi, nesses tempos bardos, a principal ponte de Bolsonaro com a extrema direita internacional. Está claro que Trump, fiel a Bolsonaro, tem misturado pressão política, especialmente em resposta ao julgamento do ex‑presidente – com a própria estabilidade econômica de seu país – o Brasil a reboque -, para gerar uma crise comecial. Talvez uma devoção ao fato de serem clones golpistas. Trump patrocinou o 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores, estimulados por ele, invadiram o Capitólio em Washington, inclusive com a bandeira racista dos Estados Confederados, da Guerra Civil norte-americana, na tentativa de impedir a certificação da vitória de Joe Biden na eleição presidencial de 2020.

Trump nunca foi preso por isso, e voltou como presidente eleito. Três anos depois, no Brasil, o clã Bolsonaro patrocinou, em 8 de janeiro de 2023, uma tentativa de golpe de estado, com Lula já eleito e no poder. Com a depredação dos edifícios dos Três Poderes — Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal — por manifestantes extremistas bolsonaristas em Brasília. Não é, obviamente, uma coincidência histórica. O resto do país não esquece – especialmente o ministro do STF, Alexandre de Mores, que por aqui está julgando e botando todos, civis e militares, em cana – algo ao que o país pós-atrocidades da ditadura civil-militar implantada em 1964, e a Lei de Anistia passando pano, não está acostumado. Não atoa, Alexandre, com Lula, tem um alvo na testa.

Imagem de manifestantes golspitas, que se agrupam durante invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, com bandeiras dos Estados Confederados, que lutaram pelo país escravota, durante a Guerra Civil. Três anos depois, direitistas com a camisa da seleção invadiram e depredaram os três poderes. Foto: Shannon Stapleton/Reuters.

Desde 2019, Eduardo participa de eventos com influenciadores e partidos de direita conservadora em diversas nações — e fundou a “Aliança pela Liberdade”, com o apoio do Partido Republicano, do espanhol Vox nacional ‑ conservador, de extrema direita e anti-imigração, e do alemão AfD, Alternative für Deutschland – o partido neo-nazista do momento. Eduardo, como outros dublês de direita – não tem tutano para ser um pensador – tenta, de forma trapalhona ou desastrada, conectar redes globais de direita. Em Washinton, além do secretário de Estado Marco Rubio, o “bananinha” costurou, ao longo dos anos, vários outros contatos. Aqui damos nomes a alguns bois.

O deputado “exilado” Eduardo Bolsonaro ao lado de Steve Bannon, líder do movimento conservador The Movement e ex-estrategista da campanha de Donald Trump, durante um jantar com líderes de direita. Imagem: Twitter/Eduardo Bolsonaro.

Steve Bannon, o mais famoso, líder do “The Movement”, conselheiro golpista que chegou a atuar, informalmente, como conselheiro informal da campanha de Bolsonaro desde 2018; Matt e Mercedes Schlapp, da American Conservative Union (ACU), que já trabalharam diretamente com Eduardo; o senador norte-americano por Utah, Mike Lee, que contribui para diálogos de alianças entre conservadores americanos e bolsonaristas; congressistas Republicanos da Flórida, como María Elvira Salazar e Rick Scott, fundamentais na mobilização do MAGA; Charlie Kirk, fundador da Turning Point USA, um antimarxista ferrenho; Jason Miller. ex-assessor de Trump, que fundou a rede social de direita Gettr, e o jornalista americano‑polonês Matthew Tyrmand, protegido de Bannon, da organização Project Veritas. Para citar alguns nomes.

Com uma ajudinha de “exilados” da PF

O Intercept Brasil, numa apuração criteriosa do jornalista Thalys Alcântara, provou que pelo menos dois agentes da nossa Polícia Federal, especialistas em inteligência, pediram licença não remunerada em abril e maio passados para trocar o Brasil pela mesma cidade onde hoje Eduardo Bolsonaro vive nos EUA: Arlington, no Texas. Um deles, ex-colega de turma de Eduardo na academia da corporação, chegou a atuar com varredura de escutas no gabinete de Alexandre de Moraes em 2022. A outra é bolsonarista e comemorou nas redes sociais a eleição de Donald Trump. A justificativa oficial para as licenças são “interesses particulares”. Os agentes André de Oliveira Valdez e Letícia da Cunha Padilha, que são casados, desembarcaram em Miami, na Flórida, no final de 2024, logo após a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA. O que levanta suspeitas de que a filial norte-americana do Gabinete do Ódio poderia estar usando informações estratégicas da área da inteligência para municiar Eduardo Bolsonaro e o governo dos EUA. A DIP é uma das principais áreas da Polícia Federal, onde se concentram os inquéritos considerados mais sensíveis da instituição.

O casal de policiais federais André de Oliveira Valdez e Letícia da Cunha Padilha, que pediram licença para morar nos EUA – e auxiliar Eduardo Bolsonaro – , numa foto de arquivo, visitando o Congresso. Entre eles, o deputado bolsonarista Ubiratan Sanderson (PL-RS), policial federal licenciado e ex-oficial do Exército.

Esse canal clandestino, na véspera da assinatura do Tarifaço, apoiado por Eduardo, já tinha força para desafiar os canais diplomáticos tradicionais do Itamaraty, e até do Congresso, que mandou uma comissão insípida de senadores a Washington – não foram recebidos nem pela criadagem de Bolsonaro -, criando uma espécie de contraponto institucional. O deputado, que já presidiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara e tem proximidade com assessores do trumpismo, vem atuando nos bastidores para sustentar uma narrativa segundo a qual a solução para a crise tarifária passa por um “gesto político” do Brasil: a anistia aos condenados pelo 8 de janeiro – e a seu pai, claro.

Post-capacho de Eduardo Bolsonaro, comemorando o enquadramento de Alexandre de Moraes na Lei Magnitsky, uma das mais severas punições disponíveis contra estrangeiros considerados autores de graves violações. E apoiando o tarifaço. Reprodução/Redes Sociais

O jornal espanhol “El País” publicou, mostrando incredulidade, a reportagem “Eduardo Bolsonaro, el hombre que susurra a Trump para que castigue a Brasil” (“Eduardo Bolsonaro, o homem que sussurra a Trump para que castigue o Brasil”), em que diz que esse párea foi um “um dos pricipais arquitetos” do tarifaço e da punição a Alexandre de Moraes. “Cada novo golpe de Trump na economia e nas instituições brasileiras é comemorado com júbilo por Eduardo, enquanto seus aliados se perguntam como terminará a manobra mais arriscada de sua carreira”, escreve o jornal.

Matéria do espanhol El País expõe “bananiha” e sua postura apátrida. Reprodução.

Se Carlos Bolsonaro representou a conspiração secreta, montando o esquema virtual de fake news que ajudaram a eleger Bolsonaro em 2018, e que depois foi investigado por criar com o pai uma “Abin Paralela”, a conspiração de Eduardo Bolsonaro se dá sem muitos disfarces. Apoiada, novamente, pelo ex-presidente e família. Com o objetivo de descredenciar a resposta institucional de Brasília, realinhando os rumos da política externa no Brasil. Para sair dessa sinuca de bico, mais que os discursos de Lula, ou as falas de Fernando Haddad e Mauro Vieira, divagando sobre “soberania” e prometendo “medidas de proteção” a setores afetados, é preciso implodir o novo Gabinete do Ódio – seja como for, com uma aceleração das investigações, em andamento, contra essa família miliciana. Não é só uma questão comercial, mas sobretudo política.

Nesse caso, foi uma contenda tarifária, mas Eduardo, o popular “bananinha”, vai aproveitar toda oportunidade que tiver para tentar desestabilizar um governo Lula. Posiciona seu pai como os EUA fizeram antes incensando Juan Guaidó, que foi, enquanto durou o apoio norte-americano, “nommeado” presidente paralelo da Venezuela. Designado, para implodir Nicolás Maduro, em sua Nárnia golpista, o governo norte-americano “elegeu” Guaidó interino por não reconhecer sua releição em 2018, tachando-a como “fraudulenta”. A moeda girou, e agora o Ministério Público da Venezuela, tendo à frente Tarek William Saab, atual procurador-geral da República, solicitou uma ordem de prisão e um alerta vermelho da Interpol contra Guaidó, acusado de supostos casos de corrupção. E, como agora, no caso brasileiro, a perseguição ao governo legítimo da Venezuela, também prejudicou os EUA. As operações da norte-americana Chevron na Venezuela, onde a empresa californiana havia conseguido uma licença para negociar combustível com empresas estatais venezuelanas, ficaram comprometidas.

Eduardo “bananinha” está, como todo fujão – ainda mais depois que a ruiva pistoleira Carla Zambelli, a estúpida, foi presa na Itália – “exilado” nos EUA de Trump, preocupado. Como agora, ao ver sua grande aposta na desestabilização de Lula, quando os EUA prometeram supertarifas amplas, gerais e irrestritas contra exportações brasileiras, vendo o “tarifaço”sair pela culatra – até por ferrar também o consumidor norte-americano, que já enfrenta uma inflação galopante, e as empresas norte-americanas, que precisam dos produtos brasileiros. Após repetir reiteradamente que o dia 1º de agosto seria o prazo final e inadiável para aplicação do tarifaço, o governo dos EUA jogou para a semana que vem a data em que entrarão em vigor tarifas reajustadas por Trump. Mas já há sérias dúvidas, além das 700 “exceções” já criadas, qual será o tamanho do recuo, já que “Trump Always Chickens Out (“Trump sempre amarela”, em tradução livre), como se diz dentro dos EUA, um meme que o ricaço mimado norte-americano odeia.

Um food truck da Pensilvânia exibe uma faixa dizendo “Trump sempre amarela”. Reprodução.
  • Imagem do apátrida Eduardo Bolsonaro em Buenos Aires, em frente a projeções de Trump e Bolsonaro, seus ícones políticos. Foto: Natacha Pisarenko/AP

Escrito por:

Jornalista há 40 anos, já foi repórter e editor nos maiores veículos do país - O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, Correio Braziliense, Istoé - assessor de imprensa, analista sênior de informações e/ou ex-diretor de agências de comunicação corporativa - FSB Comunicação, Santafé Ideias, entre outras -, ex-professor de Jornalismo da PUC-RJ, trabalhou no Senado Federal e na Prefeitura do Rio. Já foi assíduo colaborador dos sites Os Divergentes e DCM. E criador, com meu irmão Paulo Henrique, da revista cultural Tablado, que durou 20 anos a acabou na pandemia. Premiado, entre outros, com Prêmio Esso, Embratel e Herzog. E, PRINCIPALMENTE, pai do Bruno e da Gabriela, orgulhos da minha vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *