
A extradição de Zambelli e o fator Meloni
A ruiva bolsonarista Carla Zambelli foi presa pela Politizi italiana, via Interpol, viva! Formadores de opinião de esquerda, em redes sociais, soltaram fogos! Comemoram, afinal, uma vitória – às vésperas do demolidor tarifaço político dos EUA. Logo estará numa cela no Brasil, acreditam. A querida influenciadora #esquerdogata está exultante, não para de postar nas redes comemorações à cana da deputada federal licenciada – que fugiu para a Itália, como os seus pares pexotes, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), no Texas, e o senador Marcos do Val (Podemos-ES), em Miami, que preferiram vazar para o bunker de Trump. Estão garantidos, eles sabem.
Mas se você está contando com uma extradição imediata de Zambelli, pense duas vezes. A ‘bota”, não sei se lembra, é governada, desde o ano passado, pelo que há de pior na extrema-direita mundial: a primeira-ministra Giorgia Meloni, do partido Irmãos de Itália (em italiano: Fratelli d’Italia, FdI), de ideologia nacional-conservadora, populista, eurocética e atlanticista, também descrito como pós-fascista. Sim, os herdeiros do “Duce”, e suas ideias, estão no poder e ocuparam o Palazzo Chigi.

Ciente desse fiapo de esperança, a própria Zambelli, em um vídeo calculista, postado nas redes, já avisou que vai pedir asilo político na Itália para evitar sua extradição ao Brasil. No Brasil ela não será presa, garantiu, parecendo convencida disso. “Há o prazo para extradição, mas nós temos outro que também vai tramitar, que é de eventual análise de pedido de asilo. É muito provável que façaaté por conta de alinhamento político”, diz sua defesa. Autoridades italianas têm um prazo de até 48 horas para dar encaminhamento ao processo. Quem viver, verá.
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal decretou a prisão da bolsonarista em junho deste ano. Carla Zambelli foi condenada a dez anos de prisão em regime fechado, inicialmente, e à perda do mandato, por invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). As denúncias apontaram que a deputada licenciada queria usar o sistema do CNJ com o objetivo de inserir um mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Fator Meloni
Zambelli optou pela Itália por possur cidadania italiana. Mas a jurisprudência italiana permite a extradição de nacionais em determinadas circunstâncias. A Corte de Cassação e o Conselho de Estado — as mais altas instâncias judiciais da Itália — já consolidaram o entendimento de que a nacionalidade “prevalente” deve ser levada em conta. No caso de Zambelli, goste ou não, a dela é tupiniquim. Caso a extradição seja concedida, Zambelli será submetida ao julgamento no Supremo Tribunal Federal, por ter cometido os crimes enquanto exercia mandato parlamentar. A Câmara dos Deputados também poderá analisar a perda definitiva do mandato. Mas, repito, há o fator Meloni.

A extradição de Carla Zambelli, em suma, não é automática. E pode demorar. Assim como no Brasil, o processo na Itália é complexo e envolve diferentes instâncias. A decisão final cabe ao Executivo, embora precise passar por uma análise prévia de juridicidade, que pode ser feita pelo Conselho de Estado. Mas, na Itália neo-fascista, está tudo dominado.
Felizmente, há posições mais otimistas. O colunista Wálter Maierovitch, no UOL News, disse ter certeza que Zambelli será extraditada para o Brasil e vai cumprir pena em regime fechado, após ser presa em Roma. “Carla vai ser extraditada conforme pacífica tranquila jurisprudência existente na Itália, que é a seguinte: quando o extraditando tem dupla cidadania, e é o caso dela, ela tem a cidadania italiana, se verifica qual é a cidadania prevalente. Zambelli não mora na Itália, não trabalha na Itália, nunca estudou na Itália, nunca teve residência na Itália. Ora, a cidadania prevalente é evidente a brasileira, portanto ela será extraditada”, conclui. Só acredito, vendo.
- Imagem da neo-fascista, a primeira-ministra Giorgia Meloni. Foto: Reuters.