
O país do Bebê Reborn ganha agora o Labubu: lixos consumidos em massa por ignorância, modismo, desinformação, grana e burrice mesmo
Primeiro, já vou esclarecendo – e o nível de absurdo do país que consome os maiores lixos do planeta, plantados pelas redes sociais – embora não seja um fenômeno brasileiro – , exige esse “esforço de reportagem”: é falso que haverá um 1º Encontro Nacional de Pais de Bebê Reborn, em Minas Gerais. Um vídeo foi feito, mas era um canal de humor. Dito isso, que esgoto mental e de consumo é esse onde pessoas, aparentemente sãs, aderem à onda dos Bebê Reborn? – que é só a demonstração bizarra de uma doença social. Isso não é normal, é muito preocupante. É como um IA real, produzida por um scanner 3D, por quem você pode desenvolver sentimentos. Não confundam com Barbie, Susi, fofolete ou Falcon – esse, versão para meninos -, criados por fábricas de brinquedos. “Bebê Reborn” é uma anomalia social. Como a última novidade do filme “As Setes Faces do Dr. Lao”: o Labubu, já febre mundial, um monstrinho de pelúcia de dentes serrilhados e olhos vermelhos, que aparece pendurado na bolsa de celebridades do planeta. Nos Estados Unidos, o Labubu pode chegar a custar US$ 300. No Reino Unido, a obsessão fez com que lojas suspendessem as vendas para evitar briga de tapa por esse fetiche vip. Alega-se que teria poderes sobrenaturais- mas, aparentemente, só para os cofres dos fabricantes de Hong Kong.

Difícil saber hoje, com tantas redes, quem, pessoas ou indústria, gera a imbecilidade como as “mães reborn”, que viralizam nas redes recentemente e propagam a doença. No caso do Brasil, a influencer Carolina Rossi parece ter dado o pontapé – uma das profissões do futuro ao lado de consultor financeiro e coach – “mente vazia, oficina de coach”, no ditado mais atualizado. O efeito cascata é impressionante: em maio, vereadores do Rio aprovaram um projeto para criar o Dia da Cegonha Reborn. Agora, o padre Chrystian Shankar, da Diocese de Divinópolis (MG), divulgou uma nota se recusando a batizar bebês reborn e realizar outros ritos católicos em bonecos realistas. Na última quinta-feira (15), um deputado federal, o esterco congitivo Zacharias Kalil (União-GO), apresentou à Câmara um projeto de lei que prevê multar em mais de R$ 30 mil quem usar bebê reborn para furar filas no Brasil. Na mesma data, outros dois parlamentares apresentaram propostas referentes ao tema. E a onda cresce.

Jornalistas como Ana Paula Padrão, Mariliz Pereira Jorge e Camila Bonfim, entre outras, postaram nas redes sobre o assunto. “Essa história de Bebê Rebon já deu, hein. É um dever criticar escolhas e comportamentos. Mas já tomou uma proporção que nem deveria ter tomado. E eu tô vendo uma ideia muito equivocada circulando de que só as mulheres são tratadas como ridículas ou loucas por seus hobbies e comportamentos, enquanto os homens viveriam livres, leves e soltos, jamais julgados por suas escolhas. Pessoal, isso nao é verdade”, disse no Instagram. “A quem interessa nos rotular de infantis, nos transformar em perturbadas mentais?”, diz “, pergunta Ana Paula sobre o Bebê Reborn. Camila Bonfim, como quem prevê o fim dos tempos, diz que já há venda de simulação da placenta do Bebê Reborn e até na incubadora.

Claro que, fazendo uma linha do tempo, internet inexistente, a indústria de brinquedos pré-inteligência artificial sempre criou bizarrices, agora inconcebíveis, mas não com essa tridimensionalidade, e com o apelo afetivo de hoje. Já foram criados bichinhos de pelúcia, em formato de xixi e e cocô – Pee & Poo -, paridos na Suécia, cuja finalidade, dissolver na água, se ignora. E cocô de massinha, coisa linda – Poo-Dough -, com um molde em formato de fezes. E brinquendos simulando melecas- Gooley-Louie -, para colocar no nariz. E, alegria dos genitores, o “Sela do Papai” – Daddy Saddle – que vendia um arreio para crianças fazerem garupa no pai. E quem se lembra do chimpanzé alegre, parecendo saído de um filme de terror. Com cara de Chucky, e barulho até a pilha acabar.

Outros brinquedos foram tirados do mercado, como a “Barbie Polly Dance”, em roupas minúsculas – acho que perceberam que não era uma opção profissional que se deveria estimular. Ou o kit “Atomic Energy Lab”, para o “pequeno cientista”, para permitir qu crianças criassem e assistissem reações nucleares e químicas usando material radioativo real. Mas resolveram colocar, entre os itens, urânio – acredite. Foi rapidamente retirado do mercado.

Qual será o próximo “brinquedo” imbecil da indústria, talvez voltada mais para o público adulto? O deputado inflável, com quem você pode travar longos debates sem ele pedir se quer um aparte. Ou o presidente João Bobo, aquele que te encara, mas não responde, só para poder gastar sua energia e aliviar o estresse? Por enquanto, prospera mais, entre os grandinhos, o mercado de bonecas hiper-realistas, voltadas para os “adultos reborn”. Voce não acreditaria no que vê – nem entenderia a mente sórdida do comprador. Tratam-se de bonecas infláveis de tamanho real, adquiridas como brinquedos sexuais e que chegam a custar US$ 10 mil. Evitarei botar imagens Real dolls, como muitos homens preferem as mulheres. Mas aí é para outro artigo…
Fotos de divulgação