
A PPPtização da anistia
Está em curso uma malandragem bolada no subsolo imaginário que liga o Palácio do Planalto ao Congresso Nacional para aprovar uma lei marota que, uma vez consumada, irá reduzir a pena dos delinquentes que estupraram a Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, em troca de uma fantasia: aumentar as penas dos líderes e financiadores de futuros golpes de Estado.
Sim, futuros golpistas.
O Brasil, definitivamente, não é para amadores.
Esse acordo, explicitamente defendido pelos líderes do governo na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, tem o óbvio aval do presidente Lula. Inclui, ainda, por obrigatório, a cumplicidade do Supremo Tribunal Federal, submetido à pressão das classes dominantes a quem serve, sob a liderança, no caso, do ministro Luiz Fux, uma dessas figuras da tragicomédia brasileira que, de quando em quando, é acionada pelas forças do atraso.
O acordo que se anuncia é uma farsa porque não foi construído para fazer justiça, mas para, outra vez, submeter a nação aos interesses da escória ancorada no aparelho do Estado, com a qual as chamadas forças progressistas sistematicamente se aliam na crença de que, um dia, serão aceitas por ela.
A esquerda, no todo, e o PT, no detalhe, vivem nesse Dia da Marmota desde o fim da ditadura militar.
No fim das contas, será uma capitulação diante do bolsonarismo e da cultura do golpismo. Na prática, a tigrada que destruiu prédios e defecou no STF vai voltar para casa, virtualmente anistiada, debochando da Justiça e da sociedade brasileira. E, ainda assim, os envolvidos nessa tenebrosa transação vão cantar vitória. Afinal, sempre se poderá dizer que não houve anistia.
Assim como dizem que não há privatização, mas parcerias público-privadas.
Imagem: representação visual gerada pela IA