Trump esgarça relações que Lula tenta tecer

30 de julho de 2025, 15:52

Como tenho dito desde o início da chantagem imposta ao Brasil, mais do que econômica, trata-se de uma questão política. Quando Donald Trump escreve em letras maiúsculas que a “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro deve cessar “IMEDIATAMENTE”, o que ele faz é lançar um ultimato. E isso não se faz a um país soberano, com poderes autônomos e leis próprias.

A decisão do governo dos Estados Unidos de aplicar a Lei Magnitsky, impondo sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, representa um sinal muito forte de que, na sexta-feira (01/08), quando se encerra o prazo prometido por Trump para anunciar sanções contra o Brasil — incluindo uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA —, ele não recuará.

Desta vez, ele pretende enterrar o rótulo de “TACO” que o acompanha desde o início de seu governo, termo usado para apontar que, após cada ameaça ou medida mais dura contra um país, ele voltava atrás. Isso levou os norte-americanos a enxergarem em Trump um sinal claro de que costuma “amarelar”.

Ofendido e amuado como uma criança contrariada — traços que exibe frequentemente em sua personalidade —, Trump quer desfazer essa imagem às custas do Brasil. Ele ignora os 201 anos de relações bilaterais e o impacto que medidas desse tipo têm sobre produtos manufaturados brasileiros importados pelos Estados Unidos. Desde que saia bem na foto, não se importa com as consequências.

Além de ser uma enorme afronta ao país, o presidente norte-americano deixa evidente sua disposição de continuar impondo ao Brasil uma política de opressão. Justamente ele, que alega que nossa pátria é “uma ditadura”. Palavras ocas, repetidas a partir do discurso de um deputado fujão: Eduardo Bolsonaro. Preocupado apenas em salvar a pele do pai, sem chances de escapar de uma pesada condenação por cinco crimes — entre eles, tentativa de golpe de Estado —, o filho de Jair tem conseguido prejudicar uma nação inteira e, de quebra, o consumidor médio dos EUA, que passará a pagar muito mais caro pelo café da manhã ou terá de abrir mão do tradicional suco de laranja e do cafezinho. Eduardo não mediu consequências, pensando apenas em interesses próprios e familiares. Merece punição exemplar.

Trump viu na situação uma oportunidade para dinamitar o bloco dos BRICS, ferindo o Brasil por meio de sua economia. A medida tomada hoje mostra que ele leu cedo o New York Times. Melhor assim. Se leu, entendeu que Lula não vai ceder aos seus caprichos.

  • Presidente dos EUA, Donald Trump. Foto de arquivo: Kent Nishimura/Reuters

Escrito por:

Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora-pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada", membro do Jornalistas pela Democracia

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