
Agrofloresta no Riacho Fundo, no Parque Ecológico, é modelo de preservação ambiental e práticas sustentáveis, com natureza que influencia na saúde da comunidade
O Parque Ecológico do Riacho Fundo se tornou a primeira unidade de conservação (UC), sob a gestão do Instituto Brasília Ambiental, a receber o projeto de implantação de horta de Pancs e uma agrofloresta. O projeto-piloto surgiu em parceria com a Organização Não Governamental (ONG) Renascer, que aborda a necessidade do combate à fome e, ao mesmo tempo, da promoção da educação ambiental.
Com pouco mais de um ano de funcionamento, o espaço verde conta com uma produção significativa de plantas e até a aparição de abelhas subterrâneas e sem ferrão, incentivando uma produção local de mel. A vice-governadora Celina Leão declarou que a implantação desse projeto no Parque Ecológico do Riacho Fundo é um grande avanço para o compromisso com a sustentabilidade e a segurança alimentar: “Iniciativas como essa mostram que é possível unir preservação ambiental, educação e combate à fome. Além de fortalecer a agroecologia, essa ação traz oportunidades para a comunidade, promovendo o conhecimento sobre o cultivo de alimentos nutritivos e acessíveis”.
Para o presidente do Brasília Ambiental, Rôney Nemer, a importância de conhecer e aprender sobre esse universo natural está nos detalhes. “As hortas Pancs podem ajudar muito no auxílio da alimentação. Elas têm uma fonte de proteína que muitas vezes desconhecemos. Quando me apresentaram a proposta, tive curiosidade imediata de conhecer mais. Esperamos que, em breve, possamos estender a iniciativa para outras unidades de conservação sob nossa gestão”, pontuou.
Modelo de sucesso
Uma das principais características das Pancs é a riqueza de nutrientes que elas carregam, sendo que algumas têm alto teor de vitaminas, minerais e antioxidantes. Alguns exemplos de espécies encontradas no Parque Ecológico do Riacho Fundo são o melão-de-são-caetano, utilizado para tratar problemas de pele e aumentar a imunidade, e a erva-baleeira, conhecida por ser anti-inflamatória e analgésica.
Saúde mental
A professora Leila Abreu, voluntária na horta e diretora da ONG Renascer, destacou a importância do espaço para a realização de pesquisas na área ambiental e educacional, com as diversas espécies que têm sido cultivadas na região: “Como é um parque educativo, as pessoas começam a aprender o que são essas plantas que dão em casa ou no meio do asfalto e acham que é mato. A agrofloresta é um sistema novo de plantação de árvores junto a plantas do Cerrado que crescem conforme a natureza, e isso atenua o clima, fertiliza o solo, preserva as nascentes e não precisa de nada bioquímico ou químico para fazer. É um sistema que tem dado muito certo”.

A produção é consumida de forma local, e atualmente são cerca de dez voluntários que trabalham frequentemente no Parque Ecológico do Riacho Fundo. Quem tem contato com a horta logo percebe técnicas aplicadas a partir de saberes tradicionais, como a não utilização de agrotóxicos, cascas de ovos espalhadas estrategicamente para afastar borboletas e outras ideias que vêm da cultura popular.
O agente da Unidade de Conservação Celso Macedo Costa reforçou que o trabalho desenvolvido carrega importância no equilíbrio do ecossistema, apontando o surgimento de vários animais que antes eram raridade em todo o parque, que é o segundo maior de Brasília, e agora surgem no pequeno espaço. Celso acrescentou, ainda, que muitos voluntários encontram ali o alívio para diversos problemas de saúde: “Eles se curam e se sentem bem, porque vão mexer com a terra e materiais reaproveitados, além de poderem conversar, desabafar e ter uma sociabilidade que às vezes não é suprida em outros lugares”
Fotos: Matheus H. Souza/Agência Brasília
Fonte: A partir de informações da Agência Brasília