
Feminicídio em alta: jovem de 21 anos morta pelo namorado, em Brazlândia, pediu medidas protetivas contra agressor
Pâmella Maria Rocha Rangel, 21 anos, assassinada com uma facada no peito desferida pelo companheiro, havia pedido medidas protetivas de urgência à Justiça contra o agressor no final do ano passado. O crime ocorreu na noite desse sábado, 23, na casa da vítima, em Brazlândia – e é mais um feminicídio registrado no Distrito Federal. Flávio do Nascimento Santos, 42, foi preso pela PM duas horas depois do crime, quando tentava esconder-se em uma cova do cemitério da cidade.
O casal mantinha uma relação de pouco mais de um ano, mas o convívio era complicado e levou a vítima a solicitar as medidas protetivas de urgência contra o agressor. Na delegacia, Flávio contou sobre a dinâmica do ocorrido. Ele disse que por volta das 17h de ontem, o casal estava próximo ao lado consumindo drogas e álcool.
A versão contada por ele dá conta de que os dois retornaram para casa às 18h30 e, ao chegarem, discutiram por causa de drogas, momento em que o suspeito pegou uma faca e matou a jovem. Pâmella chegou a ser socorrida pelos bombeiros e levada ao Hospital Regional de Brazlândia, mas não resistiu.
Confissão
Depois de assassiná-la, Flávio confessou o crime aos familiares da vítima. Ele acionou a irmã e a mãe da vítima e disse: “Eu acho que matei sua filha”. Um vizinho relatou aos policiais ter escutado gritos de Pâmella pedindo por socorro. Disse, ainda, ter visto Flávio saindo de casa com o celular na mão e dizendo: “Me perdoa, me perdoa pelo o que fiz.” Flávio, mesmo confessando, não se entregou e fugiu da cena do crime sentido cemitério da cidade. Segundo a Polícia Militar, o homem foi encontrado tentando se esconder em uma das covas.
Ocorrência
Em novembro do ano passado, Pâmella registrou a primeira ocorrência contra o companheiro por lesões corporais. Um mês depois, requereu medidas protetivas de urgência, que foram deferidas pela Justiça.
Na decisão, o juiz determinou, ao autor, o afastamento do lar, recinto ou local de convivência com a vítima; proibição de aproximação da vítima e fixou a distância de 300 metros; proibição de contato com a vítima, por qualquer meio de comunicação, tais como ligação telefônica, WhatsApp, e-mail, Facebook, Instagram e outros; e proibição de frequentar determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida.
Feminicídio
O Brasil vive um momento alarmante no enfrentamento da violência de gênero. Em 2024, o país registrou o maior número de feminicídios desde a tipificação do crime em 2015, com 1.459 casos — um aumento de 0,69% em relação a 2023, quando foram contabilizados 1.449 casos – fonte: CNN BrasilEl País. Isso equivale a cerca de quatro mulheres assassinadas por dia, como mostra a CNN BrasilUOL Notícias.
O Relatório Anual Socioeconômico da Mulher, divulgado pelo Ministério das Mulheres em março, detalha ainda que, no mesmo período, houve 2.485 homicídios dolosos e lesões corporais seguidas de morte contra mulheres – dados da Agência BrasilJC. Embora a cifra dos feminicídios tenha crescido, os dados mostram uma leve redução, de 5,07%, nos casos de violência letal contra mulheres no geral.
O perfil das vítimas e das circunstâncias revela um cenário de alarmante desigualdade e risco: 60,4% das vítimas eram mulheres pretas ou pardas, enquanto 76,6% dos casos de violência doméstica, sexual ou outras formas de violência contra mulheres foram cometidos por agressores do sexo masculino, em sua maioria dentro do ambiente domiciliar – consulte a Agência Brasil.
Também em 2024, o país registrou 71.892 casos de estupro, o equivalente a cerca de 196 casos por dia, embora esse número represente uma queda de 1,44% em relação ao ano anterior Agência Brasil.
.Enquanto isso, o panorama geral foi de um crescimento contínuo desde 2020, que registrou 1.355 feminicídios. O ano de 2022 trouxe 1.451, seguido de 1.449 em 2023 e 1.459 em 2024 .
Outra fonte, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, mostra números semelhantes: 1.492 feminicídios em 2024, média de quatro por dia, com taxa de 1,4 por 100 mil mulheres, e um aumento de 0,7% em relação a 2023 – dados da CNN Brasil. Esse dado reforça que, embora os homicídios dolosos contra mulheres tenham diminuído em 6,4%, o feminicídio segue uma dinâmica própria e preocupante.
Em outro indicador, o Instituto Fogo Cruzado revelou, em agosto de 2025, que houve um aumento de 45% nos casos de feminicídio ou tentativas por arma de fogo, considerando 57 municípios. Até a primeira quinzena de agosto, 22 mulheres morreram e 7 ficaram feridas, em comparação com 12 mortes em 2024 no mesmo períod- consulte a Agência Brasil.
Este cenário mostra que, apesar dos esforços de políticas públicas, como a mobilização pelo “feminicídio zero” e a implantação de Casas da Mulher Brasileira, a ameaça à vida feminina permanece urgente. Organizações da sociedade civil e especialistas clamam por prioridade orçamentária e ações ampliadas de prevenção, educação e resposta imediata — medidas essenciais para enfrentar a violência de gênero com eficácia e justiça.
- Pâmella e Flávio: assinato brutal em Brazlândia. Ela já havia pedido medidas protetivas de urgência à Justiça contra o agressor, preso pela PM duas horas depois do crime, quando tentava esconder-se em uma cova do cemitério da cidade. Reprodução/Redes sociais.
- Fonte: Correio Braziliense/Metrópoles/CNN