Feminicídio em alta: jovem de 21 anos morta pelo namorado, em Brazlândia, pediu medidas protetivas contra agressor

25 de agosto de 2025, 01:00

Pâmella Maria Rocha Rangel, 21 anos, assassinada com uma facada no peito desferida pelo companheiro, havia pedido medidas protetivas de urgência à Justiça contra o agressor no final do ano passado. O crime ocorreu na noite desse sábado, 23, na casa da vítima, em Brazlândia – e é mais um feminicídio registrado no Distrito Federal. Flávio do Nascimento Santos, 42, foi preso pela PM duas horas depois do crime, quando tentava esconder-se em uma cova do cemitério da cidade.

O casal mantinha uma relação de pouco mais de um ano, mas o convívio era complicado e levou a vítima a solicitar as medidas protetivas de urgência contra o agressor. Na delegacia, Flávio contou sobre a dinâmica do ocorrido. Ele disse que por volta das 17h de ontem, o casal estava próximo ao lado consumindo drogas e álcool.

A versão contada por ele dá conta de que os dois retornaram para casa às 18h30 e, ao chegarem, discutiram por causa de drogas, momento em que o suspeito pegou uma faca e matou a jovem. Pâmella chegou a ser socorrida pelos bombeiros e levada ao Hospital Regional de Brazlândia, mas não resistiu.

Confissão

Depois de assassiná-la, Flávio confessou o crime aos familiares da vítima. Ele acionou a irmã e a mãe da vítima e disse: “Eu acho que matei sua filha”. Um vizinho relatou aos policiais ter escutado gritos de Pâmella pedindo por socorro. Disse, ainda, ter visto Flávio saindo de casa com o celular na mão e dizendo: “Me perdoa, me perdoa pelo o que fiz.” Flávio, mesmo confessando, não se entregou e fugiu da cena do crime sentido cemitério da cidade. Segundo a Polícia Militar, o homem foi encontrado tentando se esconder em uma das covas.

Ocorrência

Em novembro do ano passado, Pâmella registrou a primeira ocorrência contra o companheiro por lesões corporais. Um mês depois, requereu medidas protetivas de urgência, que foram deferidas pela Justiça.

Na decisão, o juiz determinou, ao autor, o afastamento do lar, recinto ou local de convivência com a vítima; proibição de aproximação da vítima e fixou a distância de 300 metros; proibição de contato com a vítima, por qualquer meio de comunicação, tais como ligação telefônica, WhatsApp, e-mail, Facebook, Instagram e outros; e proibição de frequentar determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida.

Feminicídio

O Brasil vive um momento alarmante no enfrentamento da violência de gênero. Em 2024, o país registrou o maior número de feminicídios desde a tipificação do crime em 2015, com 1.459 casos — um aumento de 0,69% em relação a 2023, quando foram contabilizados 1.449 casos – fonte: CNN BrasilEl País. Isso equivale a cerca de quatro mulheres assassinadas por dia, como mostra a CNN BrasilUOL Notícias.

O Relatório Anual Socioeconômico da Mulher, divulgado pelo Ministério das Mulheres em março, detalha ainda que, no mesmo período, houve 2.485 homicídios dolosos e lesões corporais seguidas de morte contra mulheres – dados da Agência BrasilJC. Embora a cifra dos feminicídios tenha crescido, os dados mostram uma leve redução, de 5,07%, nos casos de violência letal contra mulheres no geral.

O perfil das vítimas e das circunstâncias revela um cenário de alarmante desigualdade e risco: 60,4% das vítimas eram mulheres pretas ou pardas, enquanto 76,6% dos casos de violência doméstica, sexual ou outras formas de violência contra mulheres foram cometidos por agressores do sexo masculino, em sua maioria dentro do ambiente domiciliar – consulte a Agência Brasil.

Também em 2024, o país registrou 71.892 casos de estupro, o equivalente a cerca de 196 casos por dia, embora esse número represente uma queda de 1,44% em relação ao ano anterior Agência Brasil.

.Enquanto isso, o panorama geral foi de um crescimento contínuo desde 2020, que registrou 1.355 feminicídios. O ano de 2022 trouxe 1.451, seguido de 1.449 em 2023 e 1.459 em 2024 .

Outra fonte, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, mostra números semelhantes: 1.492 feminicídios em 2024, média de quatro por dia, com taxa de 1,4 por 100 mil mulheres, e um aumento de 0,7% em relação a 2023 – dados da CNN Brasil. Esse dado reforça que, embora os homicídios dolosos contra mulheres tenham diminuído em 6,4%, o feminicídio segue uma dinâmica própria e preocupante.

Em outro indicador, o Instituto Fogo Cruzado revelou, em agosto de 2025, que houve um aumento de 45% nos casos de feminicídio ou tentativas por arma de fogo, considerando 57 municípios. Até a primeira quinzena de agosto, 22 mulheres morreram e 7 ficaram feridas, em comparação com 12 mortes em 2024 no mesmo períod- consulte a Agência Brasil.

Este cenário mostra que, apesar dos esforços de políticas públicas, como a mobilização pelo “feminicídio zero” e a implantação de Casas da Mulher Brasileira, a ameaça à vida feminina permanece urgente. Organizações da sociedade civil e especialistas clamam por prioridade orçamentária e ações ampliadas de prevenção, educação e resposta imediata — medidas essenciais para enfrentar a violência de gênero com eficácia e justiça.

  • Pâmella e Flávio: assinato brutal em Brazlândia. Ela já havia pedido medidas protetivas de urgência à Justiça contra o agressor, preso pela PM duas horas depois do crime, quando tentava esconder-se em uma cova do cemitério da cidade. Reprodução/Redes sociais.
  • Fonte: Correio Braziliense/Metrópoles/CNN

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