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	Os chefões acompanharam pela TV o cerco às favelas da Penha e do Complexo do Alemão. Sabe-se, desde muito antes do massacre, que o grande traficante não mora ali. Cláudio Castro sabia que sua polícia não mataria bandidões.
E nós sabemos também que Castro não queria cercar e matar grandes bandidos. O plano era promover a chacina como espetáculo justiceiro. Matar pequenos bandidos era o possível no momento, dentro do plano de ressurreição da direita e do fascismo.
Mas quem vai pegar o bandido grande, não só o traficante, mas o envolvido em complexas estruturas de lavagem de dinheiro, do posto de gasolina à fintech da Faria Lima? Não será Cláudio Castro. Nem Tarcísio, nem Caiado, nem Zema, nem Eduardo Leite, nem Ratinho.
Ações de invertida no projeto político da direita, que explora a matança como programa de pré-campanha para 2026, dependem da Polícia Federal e do Ministério Público, com o suporte do Supremo.
É o que a PF já vem fazendo e que deve transformar 2026 no ano da caçada aos grandões. Não aos traficantes anônimos da Penha, que nem os jornalões conseguem identificar.
Os grandões, camuflados na economia dos bacanas lavadores de dinheiro, são mais do que traficantes. São também as extensões das máfias das emendas parlamentares de Brasília, disseminadas por toda parte.
Os traficantes de emendas formam, a partir do Congresso, a maior estrutura criminosa criada nos ambientes da política. Nunca antes quadrilha alguma movimentou R$ 50 bilhões por ano, descontando-se o que pode ser uma boa parcela de deputados que também emenda, mas joga limpo.
Os grandões das emendas em Brasília e seus puxados de ajudantes nos Estados e municípios são da mesma turma e da mesma laia dos grandões da lavagem de dinheiro nas fintechs da Faria Lima. E tão bandidos quanto os grandes chefões do tráfico que Castro não irá pegar.
A melhor resposta à matança dos ajudantes dos bandidos deve ser a intensificação do cerco aos grandões do tráfico de drogas e de armas, mas também do tráfico de emendas e de sentenças nos tribunais. Há traficantes em todas as áreas, incluindo os que traficam fé e promessa de lugar no céu.
A Polícia Federal tem condições de cercar nas selvas de todas essas Farias Limas, as paulistas e as de outras cidades de todo o país, as quadrilhas que a direita e a extrema direita não querem alcançar e nunca alcançarão em ações comandadas por governadores bolsonaristas.
A resposta ao massacre no Rio precisa abalar a estrutura política delinquente montada pela extrema direita, que transformou a matança em discurso político da campanha para 2026, válido para todos os Estados.
Alguns dos governadores apoiadores da chacina, protegidos por imunidades, estão ou estiveram sob investigação, como são investigados dezenas de parlamentares emendeiros que desviam verbas públicas e são monitorados pela PF e pelo ministro Flavio Dino.
O próprio Cláudio Castro teve dois inquéritos da PF, por suspeita de corrupção, arquivados em 2025 por STJ e STF por “ilegalidades” cometidas pelo Ministério Público durante as investigações. Castro, como governador, teve prerrogativas de função violadas pelo MP.
Por isso a invertida da PF à farsa macabra do Rio, para que chegue ao crime organizado dos bandidos de fato grandões, precisa superar as barreiras desses privilégios e a blindagem política dos chefões. O mato dessa gente é também o sistema de Justiça.
Muitos dos protegidos, que são ao mesmo tempo protetores de criminosos, perdem mandatos e imunidades no ano que vem. A PF e o Ministério Público saberão onde encontrá-los e cercá-los, sem a necessidade de disparar um tiro.
- Protesto contra a operação policial que deixou mais de 120 pessoas mortas no Complexo da Penha, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
 
	 
	 
	