Em Lisboa, cartazes que agradecem Trump pela “paz em Israel” são danificados
Dois outdoors instalados na capital portuguesa pela “Associação Luso Portugueses por Israel”, que parabenizam o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela “liderança na paz em Israel”, foram danificados na última semana. Os cartazes estão localizados em pontos estratégicos da cidade: um na Rotunda do Relógio, na saída do Aeroporto Humberto Delgado, e outro na Segunda Circular, próximo ao Estádio da Luz (Benfica).
Em um comunicado nas redes sociais, a Associação explicou que os cartazes em Lisboa têm como objetivo demonstrar solidariedade simbólica ao povo de Israel. A instituição ainda elogiou a abordagem de Trump, que, segundo eles, combinou força com negociação estratégia, apoiada em “princípios de justiça, segurança e humanidade”.
A mensagem dos outdoors gera controvérsia, uma vez que o genocídio na Faixa de Gaza permanece ativo. Após a instalação dos painéis, houve uma ruptura do cessar-fogo vigente, e os combates foram retomados contra os palestinos. Ataques também foram registrados na Cisjordânia.
Além disso, organizações humanitárias denunciam que a ajuda internacional continua sendo bloqueada por Israel, e o que entra é insuficiente para atender à população civil, que enfrenta uma grave crise humanitária com a destruição de infraestruturas essenciais. Autoridades de saúde da Faixa de Gaza afirmam que mais de 69 mil pessoas foram assassinadas desde o dia 7 de outubro, incluindo mulheres, crianças, médicos e jornalistas.
A rasura dos cartazes ocorre num contexto de crescente tensão diplomática e debate público sobre o genocídio palestino. Portugal, em particular, tem sido alvo de críticas por uma possível violação ao direito internacional. As acusações incluem a utilização da bandeira portuguesa num navio que transportava material para a indústria bélica isrelense, e a autorização para que caças estadunidenses F-35, com destino a Israel, fossem reabastecidos na Base das Lajes, nos Açores.
O governo português também foi pressionado por não ter respondido, até ao momento, a apelos para evacuações médicas de cidadãos gravemente feridos na Faixa de Gaza. Paralelamente, dados de 2023 revelam que a nacionalidade portuguesa foi concedida principalmente a cidadãos israelenses, superando até mesmo as naturalizações da comunidade brasileira, que, atualmente, é a maior residente no país.
Reprodução: Hedflow