Estamos vivendo o limiar de uma Terceira Guerra Mundial? Ou já estamos nela?

14 de junho de 2025, 22:22

Se a ideia de uma guerra mundial é a de conflitos que envolvam todas ou a maioria das nações mais influentes do mundo, estamos vendo nascer a semente da Terceira Guerra Mundial? Ou já a iniciamos, sem perceber, de um modo diferente das guerras mundiais anteriores? Pronunciem-se, historiadores. Quem não está em guerra, está sendo diretamente afetado por uma delas, no mínimo diplomática e comercialmente – caso do Brasil. Se a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) – que começou com o assassinato do arquiduque herdeiro do trono austro-húngaro – e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – com a Alemanha invadindo a Polônia, em setembro de 1939 -tinham o dínamo nazista, que depois incorporou Adolf Hitler, hoje temos a tríade endiabrada Donald Trump – que já ameaçou anexar o Canadá, o Panamá e a Groelândia -, Vladimir Putin – que quer manter os territórios retomados da Ucrânia, além de manter países vizinhos como satélites, como Bielorrússia e Belarus – e Benjamin Netanyahu – que quer expulsar os palestinos pra borda da terraplana. O anticristo, dessa vez, parece ter vindo em forma de trindade -, agora acrescida do regime dos aiatolás, tendo à frente o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, humilhado por Israel. Isso sem contar o troco da indústria armamentista.

Vladimir Putin, Donald Trump e Benjamin Netanyahu, o triunvirato do anticristo: guerras em série patrocinadas por autocratas e um mundo ameaçado. Fotos: Oliver Contreras/AFP; Roberto Schmidt/AFP; Sputnik/Vyacheslav Prokofyev/Pool via Reuters

Ok, EUA e Rússia não se enfrentaram diretamente. Nem EUA e China declararam guerra. Mas e o que estão fazendo com o planeta? O que isso muda, no contexto geral, com o apoio de seus correligionários globais? Corpos são empilhados, famílias destruídas, máquinas de guerra – agora com drones – miram alvos civis e militares, e o planeta hoje é uma usina de guerras. A maioria movida por EUA e Rússia. Esqueça capitalismo e comunismo – essa dicotomia acabou, pelo menos em termos de governos -, é guerra por território, por comércio, por mais dinheiro e poder. Segundo o psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Jung, o lado sombra, também chamado do “lado obscuro ou negro”, é aquela parte do inconsciente que desprezamos, escondemos ou rejeitamos. A grande maioria de nós desconhece esse lado. Estamos deixando de admitir que já caímos nas sombras. “Ainda que eu caminhe sozinho sobre o vale das sombras, nada temerei”, diz trecho bíblico. Não é bem assim atualmente.

Israel e Irã trocam bombas, enquanto o povo se explode. Foto: Vahid Salemi/AP.

Veja o site “Conflitos globais” e assita esse video didático do Plano Plioto.

Em 2023, Ásia e Oceania registraram 54 crises violentas e três guerras generalizadas, todas envolvendo o governo de Mianmar. Enquanto isso, nos últimos cinco anos, vivemos o maior número de guerras registrado na África Subsaariana, com conflitos armados em Burkina Faso, Burundi, Camarões, República Centro-Africana (RCA), Chade, República Democrática do Congo (RDC), Etiópia, Quênia, Mali, Moçambique, Níger, Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Sudão. Com o aumento do extremismo violento e a proliferação de grupos armados não estatais, como o Boko Haram – a Al-Qaeda, ou Estado Islâmico, ou Farc de lá -, que se espalhou da Nigéria para a região do Lago Chade. Quase todos foram internacionalizados, com interferência dos EUA ou ex-colonizadores europeus.

Boko Haram luta para derrubar o governo e criar um Estado islâmico na Nigéria. Reproduçao.

Tá pensando que acabou? Israel, oh Israel, mesmo após a queda do de Bashar al-Assad, em dezembro passado, segue atacando a Síria, alegando que abrigam células do Hamas e do Hezbollah. E seguem bombardeios. Desde maio foi reaceso o conflito entre Índia e Paquistão, novamente dois países que possuem bombas nucleares, quando as Forças Armadas indianas realizaram uma série de ataques com mísseis contra o território paquistanês. O ponto de discórdia é a Caxemira, uma região montanhosa na Ásia de aproximadamente 220 mil quilômetros quadrados disputada entre os dois países. Tem mais, amigos. Aliado a Putin, o gordinho de cabelo raspado de lado – o governo norte-coreano determinou 10 modelos de cortes diferentes para os homens e 18 para as mulheres -, líder de um dos países mais fechados do mundo -, Kim Jong Un tem deixado as forças na fronteira com a Coréia ‘irmã” de prontidão em meio a conflito por drones. Ali não tem papo de vizinho, ao contrário da Alemanha, reunificada em 1990, apesar de toda a discriminação que ainda existe contra os “orientais”, mais pobres. É uma briga esquisita: alguns desertores e ativistas na Coreia do Sul – que entre 1960 e 1980, com rápido crescimento econômico, tornou-se uma potência mundial -, lançam sistematicamente panfletos criticando o líder Kim Jong Un, e o exército norte-coreano lança balões repletos de lixo ao Sul em represália. Coisa linda.

Mundo de lunáticos: na Coréia do Norte, comunista-raíz, o líder Kim Jong-un olha através de um par de binóculos durante uma inspeção do Destacamento de Defesa da. Herdou o cargo do pai morto, o generalíssimo Kim Jong Il, e parece adorar o poder. Foto: Ilha Hwa/Reuters

Nos últimos anos, com o Ocidente focado em outras guerras, a China colonizou silenciosamente pontos estratégicos em águas internacionais no Mar da China Meridional e os reivindicou para si. Desde então, sua guarda costeira entrou frequentemente em choque com embarcações, alegando que elas estariam invadindo o território chinês — apesar de estar longe do litoral da China. A grande preocupação, como se sabe, é Taiwan. Pequim prometeu várias vezes “devolver a autonomia ao continente”, embora nunca tenha sido governada por Pequim em qualquer momento desde que os comunistas chegaram ao poder e que a República Popular da China surgiu em 1949.

Na América Latina, fora a “guerra da deportação” em massa de Trump contra mexicanos e outras nacionalidades latinas – deixando Los Angeles em chamas, literalmente -, países como o Haiti seguem em guerra civil, com um alto grau de instabilidade social e política – apesar da intervenção de generais brasileiros como Augusto Heleno, Santos Cruz, Edson Pujol e Luís Eduardo Ramos, que fizeram um trabalho de merda. O que pouca gente sabe – não deve estar no Linkedin da “autoridade” – é que outro inútil ali foi Tarcísio Gomes de Freitas – o nome é familiar? -, que atuou de 2005 a 2006 como chefe da seção técnica da Companhia Brasileira de Engenharia de Força de Paz.E pode sobrar para o nosso continente. A escolha de Marco Rubio como futuro chefe da diplomacia dos Estados Unidos anuncia um “endurecimento das relações e sanções” contra Cuba, Nicarágua e Venezuela.

Forças de segurança haitianas patrulham durante um protesto contra a insegurança em Porto Príncipe Foto: Fildor Egeder/Reuters

Enfim, essa rede complexa e confusa de conflitos levanta a pergunta inevitável: os conflitos pelo mundo estão se tornando cada vez mais interconectados? Os conflitos, mesmo que permaneçam isolados, parecem um estar icentivando o próximo. Repito: a Terceira Guerra Mundial, talvez a última, que vai destruir o planeta, com tantas nações com bombas nucleares, já começou?

Imagem de IA.
Fontes: Com informações do G1, CNN, Veja, UOL e agências internacionais

Escrito por:

Jornalista há 40 anos, já foi repórter e editor nos maiores veículos do país - O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, Correio Braziliense, Istoé - assessor de imprensa, analista sênior de informações e/ou ex-diretor de agências de comunicação corporativa - FSB Comunicação, Santafé Ideias, entre outras -, ex-professor de Jornalismo da PUC-RJ, trabalhou no Senado Federal e na Prefeitura do Rio. Já foi assíduo colaborador dos sites Os Divergentes e DCM. E criador, com meu irmão Paulo Henrique, da revista cultural Tablado, que durou 20 anos a acabou na pandemia. Premiado, entre outros, com Prêmio Esso, Embratel e Herzog. E, PRINCIPALMENTE, pai do Bruno e da Gabriela, orgulhos da minha vida.

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