
Memes, marchinhas e sátiras comemoram a expectativa da prisão de Bolsonaro

Enquanto o povo aguarda para ver Jair Bolsonaro e seus “green caps” em cana – e essa terça, 02, é só o primeiro dia de uma maratona jurídica -, diverte-se, viralizando nas redes o bom humor tipicamente brasileiro, seja para extravasar sua alegria ou represar sua impaciência. Nos últimos dias, as redes sociais – sempre dominadas pelos bolsonaristas e seus hackers amestrados – foram inundadas por memes, marchinhas e sátiras que refletem o clima político e o humor popular diante do processo histórico e do momento culminante: ver Bolsonaro, e seus milicos de alto soldo, atrás das grades. Algo inédito no país que, vergonhosamente, operou a malfadada Lei da Anistia, sancionada em 1979 pelo então ditador-presidente João Baptista Figueiredo, tornando “cidadãos de bem” agentes do Estado responsáveis por violações de direitos humanos, como tortura e assassinatos.
Internautas e sites de humor têm criado, em cascata, montagens de Bolsonaro algemado ou já preso, e, essa semana, com foco no julgamento, até usando imagens em IA do presidente Lula assistindo, com uma tigela de pipoca, ao grande espetáculo da Terra Brasilis. “Supermercados já enfrentam escassez de milho de pipoca”, postou o site de humor Sensacionalista, especializado em inventar notícias que flertam com o absurdo – muito embora, em alguns casos, elas simulem com precisão a realidade.

O criador de conteúdo de humor digital “O Perturbador”, até recentemente mais um na multidão virtual, viralizou, nas redes, com um post onde coloca Bolsonaro, muito mal acompanhado, à espera do cadafalso para o inferno.

O cartunista, chargista, ilustrador e caricaturista piauiense Izanio Façanha, com presença ativa nas redes sociais, especialmente no Instagram, tem surfado na onda, como muitos colegas de profissão. Mas sua última charge, mostrando Bolsonaro, dentro de uma ampulheta, literalmente, escorrendo para seu destino, bombou.

Com enorme sucesso nas redes, uma marchinha popularizada com um refrão que pegou – “Toc, toc, toc, é a Polícia Federal” -, elevou à ribalta o músico e humorista Edu Krieger, ao lado da cantora Natalia Voss, que viralizou com mais de um vídeo em que satiriza o Plantão da Globo e a situação do ex presidente Jair Bolsonaro – assista ou veja seu Instagram, com quase 500 mil seguidores.
Com milhões de visualizações nas redes sociais, sempre com paródias bem-humoradas de clássicos da MPB – especialmente Chico Buarque e Caetano Veloso -, acabou virando o espetáculo “Versos e Versões – A Vida em Paródias”, que anda lotando teatros no Rio, Niterói, São Paulo e em Belo Horizonte, – sempre atualizando as músicas ao status de Bolsonaro. Foram até copiados pela ex-deputada bolsonarista Joice Hasselmann, repaginada, que ajudou a popularizar o “toc, toc, toc”.

Desde o recebimento da denúncia pela 1ª Turma do STF, internautas adotaram expressões como “Grande dia” — usada por Bolsonaro — para celebrar ironicamente sua condição de réu. Imagens o retratam atrás das grades e surgiram hashtags como #SemAnistia – a tentativa desesperada dos bolsonaristas do Centrão de passar uma borracha na história.

Imagens de Alexandre de Moraes chegando ao STF, no primeiro dia de julgamento, como um super-herói da Marvel, uma versão Doutor Estranho de toga, jorraram pelas redes – veja essa. Uma brincadeira interessante foi o “bingo do julgamento”, idealizado por um grupo de internautas para acompanhar a sessão do STF. Um boneco de Bolsonaro encarcerado, em tamanho gigante, foi instalado na descida da Ponte JK, em Brasília, nesta terça-feira. Quem passava, fazia um buzinaço. A catarse é total.

No Instagram, o site de esquerda Duality Lutas, marca brasileira que combina moda com ativismo político e social – nem tudo no Brasil é Havan, meu filho -, aproveitou para faturar: tem vendido a rodo uma camiseta amarela com as inscrições “Sorriso (no rosto), cerveja (gelada), picanha (na brasa) e Bolsonaro preso!”. A campanha foi batizada de “Setembro amarelo”.

Não é a redenção das redes sociais e aplicativos e mensagens, e sua indústria de fake news, não é a guilhotina do bolsonarismo, que já trabalha por opções no mercado da extrema-direita, mas, como cantou Chico Buarque, permite pelo menos acreditar que:
“Vai passar
Nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade
Essa noite vai se arrepiar”.
- Imagem gerada em IA