Líder comunitário, Robert Longa defende resistência popular contra ameaças de Trump

Mesmo sob cerco dos EUA, venezuelanos mantêm rotina e apostam na resistência coletiva

18 de dezembro de 2025, 08:37

Apesar da escalada de agressões dos Estados Unidos contra a Venezuela — incluindo a classificação do governo de Nicolás Maduro como “Estado patrocinador do terrorismo” e a imposição de um bloqueio naval —, as ruas da capital venezuelana seguem movimentadas, o comércio funciona e o clima natalino ilumina as praças, revelando uma população determinada a resistir.

Foi nesse contexto que Opera Mundi encontrou Robert Longa, líder da Comuna El Panal 2021 (A Colmeia), uma cooperativa popular criada durante a gestão do ex-presidente Hugo Chávez para melhorar a vida nas periferias por meio do trabalho coletivo.

Horas após o presidente Donald Trump declarar que a Venezuela estava “completamente cercada”, Longa recebeu a equipe em seu escritório, que também abriga uma rádio comunitária. Do bar ao lado vinha o som de uma salsa, em uma cena cotidiana de pessoas dançando, como se a paz fosse uma certeza.

“Integração, mobilização e opinião pública serão nossas primeiras armas para resistir e emancipar os povos”, afirmou Longa. Segundo o líder comunitário, os venezuelanos irão colocar à prova a integração continental defendida por personalidades como Che Guevara e Fidel Castro para “defender o projeto bolivariano”.

Ainda segundo Longa, não se trata da “narrativa vulgar sobre cartéis de drogas”. “Eles estão atrás do nosso petróleo, acabaram de declarar isso. Eles sabem que precisam disso para voltar à ativa e estão explorando todos os cenários energéticos.”

No mesmo dia das novas agressões estadunidenses, durante um Congresso da Classe Trabalhadora, o presidente Maduro conclamou a união da “classe trabalhadora do petróleo” para defender o “direito ao livre comércio” do óleo venezuelano em todos os fóruns internacionais.

O alvo de sua crítica foi a tentativa dos EUA de, em suas palavras, “impor mais uma vez uma licença para pilhar em todo o mundo”.

O governo venezuelano resume a crise como uma investida para “roubar a riqueza nacional”. Em comunicado, acusou o governo dos EUA de querer “impor, de maneira absolutamente irracional, um suposto bloqueio naval militar” com esse objetivo.

Escrito por:

Radicada em Lisboa, é jornalista correspondente de Opera Mundi e escreve em veículos como Jacobin Brasil, Jornal Expresso e Rádio TSF Portugal. Atuou em redações como Revista Brasil Já e Sapo Mag, além de contribuir para diversos meios, entre eles Brasil de Fato, ICL Notícias, Brasil 247, DCM, Correio Braziliense e Rádio Bandeirantes. Cobriu conflitos como as guerras da Ucrânia e do Líbano, as eleições presidenciais na Rússia, as eleições judiciais no México e a Cúpula do Brics, em Kazan e no Rio. Seus principais focos são guerras, conflitos, direitos humanos, migrações, habitação, política e cultura.

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