
O bolsonarismo volta para o esgoto. O fascismo vai junto?

21 de agosto de 2025, 11:59
- O RELATÓRIO DA PF revelando a infame troca de mensagens entre a cúpula do bolsonarismo – o que inclui pai, filhos e o autodenominado pastor Silas Malafaia – coloca em crise aparentemente irreversível a cúpula do fascismo brasileiro. O mote principal da desmoralização do clã não são as 700 mil mortes da covid ou a política privatista e assassina levada a cabo em seu governo. É a revelação do caráter antinacional e traidor do bando.
- EDUARDO BOLSONARO deu de bandeja a Lula e mesmo à imprensa liberal o elo que faltava entre o tarifaço, as ameaças e os impropérios de Donald Trump e nossa vida cotidiana. Toda a pregação patrioteira, com uso e abuso de símbolos nacionais, camisetas da seleção e de arreganhos de “Brasil acima de todos” está sendo triturada pela estupidez tática daquele que um dia alegou preencher requisitos para chefiar a embaixada brasileira em Washington, por saber fritar hambúrgueres. O 03 agora se joga na frigideira e flamba comparsas de maneira espetacular.
- A CHAMADA “QUESTÃO NACIONAL” sempre foi uma quimera para a esquerda brasileira, há quase um século. O PCB – entre os anos 1920-1960 – sempre buscou dar-lhe consistência política, como elemento central na luta antiimperialista. A união nacional contra o inimigo externo seria tática essencial na luta pelo socialismo. A partir dos anos 1980, o tema tornou-se lateral até mesmo entre círculos democráticos e progressistas, pelo uso abusivo oportunista que a ditadura fez do patriotismo.
- A INVESTIDA TRUCULENTA de Washington recoloca o tema no meio do gramado. O nacionalismo e o patriotismo da população é o argumento mais forte contra os “traidores da Pátria”, expressão que em boa hora volta ao vocabulário político. O nacionalismo empurra o bolsonarismo para a defensiva e legitima aos olhos da maioria sua condenação judicial. A defesa da legislação estadunidense contra ministros do STF torra o potencial eleitoral de seus defensores, como Tarcísio de Freitas, Magno Malta e rebotalho semelhante.
- A CONTRAFACE MAIS SALIENTE do estilhaçamento do bolsonarismo é a pesquisa Genial Quaest, divulgada na manhã desta quinta (21). Lula aumenta a vantagem em todas as simulações eleitorais para 2026 e seus oponentes de direita e extrema-direita perdem terreno. Entra na conta a percepção de que o bloqueio de exportações de gêneros alimentícios para os EUA teve efeito imediato de baixar preços no mercado interno. Patriotismo e bolso se combinam nesse novo cenário. Leve-se em conta que as revelações da troca de mensagens entre a malta bolsonarista ainda não foi captada pelas sondagens. Ou seja, o cenário pode piorar para essa gente.
- RESTAM VÁRIOS FIOS SOLTOS nesse imbróglio. A pergunta principal é: até onde a crise do bolsonarismo equivale à crise da extrema-direita? No mesmo dia da revelação dos impropérios da quadrilha, o governo foi derrotado no Congresso na indicação do presidente e do relator da CPI do INSS. Dois bolsonaristas de carteirinha assumem os postos. A comissão não visa esclarecer nada, mas servir de trincheira para desgaste do governo até outubro de 2026. A aprovação do PL da devastação é exemplo claro da capacidade do extremismo reacionário pautar a agenda nacional.
- NA SOCIEDADE, O FASCISMO segue vivíssimo, seja na cúpula das Forças Armadas, seja na ação das polícias de diversos estados, sejam eles governados pelo fascismo, ou pelo petismo. O financismo segue dando as cartas no Ministério da Fazenda e no Banco Central e o Brasil ainda não deixou de abastecer a máquina de guerra de Israel com combustível da Petrobrás.
- O DESMONTE DO BOLSONARISMO mostra haver uma avenida aberta para uma firme ofensiva para empurrar a extrema-direita para o esgoto, num cenário internacional tenso e perigoso. Há muitos problemas adiante, mor hoje, comemoremos! Merecemos ter um respiro e festejar.
– Imagem gerada em IA