
O trem da alegria de políticos brasileiros em Israel, descarilado no meio da guerra com o Irã, virou o bunker do cagaço.
Uma trupe de políticos brasileiros, sem o menor senso de decência e, provavelmente, igorantes na geopolítica – há sionistas no grupo, mas a maioria é de caroneiros de mordomias duty free e de viagens oferecidas por governos estrangeiros – em viagem a Israel, teve que descarilar seu trem da alegria na “terra santa” para, de forma constrangedora, vexaminosa e patética, se refugiar em bunkers, generosamente oferecidos pela diplomacia de Benjamin Netanyahu. Não bastava a indecência de, em meio ao massacre de palestinos em Gaza, curtirem as mordomias de um governo de extrema-direita, ditador, belicista, ultraortodoxo, ultranacionalista e segregacionista, o grupo, formado por políticos de várias legendas, se viu no meio de uma guerra, iniciada por Israel, tendo que, como ratos, fugir para esconderijos – consigo imaginar alguns de cócoras, encagaçados, gravando vídeos pedindo ajuda ao governo Lula – para não levar um míssel iraniano no rabo.
Os políticos brasileiros tiveram que se esconder em abrigos antiaéreos desde a noite da última quinta, 12. Uma tropa de penetras de pelo menos seis estados e do Distrito Federal teve que se esconder em bunkers, surpresos, acovardados, acocorados. Precisaram de abrigo prefeitos e secretários de municípios. Os políticos foram pegos de surpresa com o agravamento da crise envolvendo Israel e Irã – e eu, que não desejo o mal de uma formiga, adoraria vê-los agora – não tem câmeras nesses bunkers? Seria o Big Brother do prolapso retal. Com o espaço aéreo israelense fechado, inclusive para voos comerciais, quem sabe não andam em fila indiana, mãos nos ombros, até a fronteira com o Egito, Líbano ou Jordânia?

A Embaixada de Israel no Brasil, cumprindo seu dever apartidário, afirmou nesta sexta-feira, 13 – que dia, hem! -, em nota, que as delegações estão seguras e com acesso a áreas protegidas – e que o governo de Israel trabalha para viabilizar o retorno ao Brasil. Sou contra. Deixaria-os lá permanentemente como “adidos de assuntos aleatórios”. Na semana em que o veleiro “Madleen”, da Coalizão “Flotilha da Liberdade”, levando comida, mantimentos e esperança ao povo palestino, foi interceptado por forças israelenses, deportando todos de volta para seus países, o Brasil criou a “flotilha da diarréia”.

E o que foram fazer mais de 40 nobres políticos, em “viagem oficial” em Tel Aviv e outras cidades, no país que massacra um povo e, com o apoio dos Estados Unidos, abre uma guerra global? Duas delegações brasileiras viajaram a Israel nesta semana “a convite do governo local”, segundo Israel, para promover “troca de conhecimentos e cooperação” em diversas áreas. Estão, certamente, trocando muitos conhecimentos – no mínimo, aprendendo o que é uma guerra por dentro, gente pra quem o padrão de confronto – e seus partidos foram parceiros – é a manipulação do gado para depredar a Esplanada e preparar um golpe de estado. Uma das delegações, chamada de “Consórcio Brasil Central”, é formado por governadores do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste. A outra, explica, hipocritamente a Embaixada de Israel no Brasil, é “composta por prefeitos e altos funcionários municipais” – mas daremos nomes à boiada.

Estão entrincheirados – repare nos partidos -, por exemplo, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), – que gravou vídeo nas redes. “Estamos todos no alojamento da viagem, no campus universitário.” O prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União Brasil), precisou se abrigar em um bunker em Kfar Saba. Eles estão no país, jura, “para conhecer modelos de segurança pública e novidades tecnológicas na área”. Será que aprendeu algo sobre drones com fibra óptica?. Janete Aparecida, vice-prefeita da mineira Divinópolis (Avante) e Vanderlei Pelizer, vice-prefeito de Uberlândia (PL), narraram seu medo de passar a noite no abrigo antiaéreo em Haifa. Vanderlei Pelizer – que como todos gravou nas redes vídeos mostrando sua “bravura” – descreveu o susto ao ser acordado por gritos e precisar se abrigar em um bunker durante um toque de recolher.
A vice-prefeita de Florianópolis, Maryanne Mattos (PL), relatou que precisou se abrigar por duas vezes em um bunker em Israel. O secretário de Ciência e Tecnologia do DF, Marco Antônio Costa – certamente ávido em obter conhecimento -, afirmou à GloboNews que sua comitiva distrital conseguiu voltar para um hotel em Tel Aviv, na manhã desta sexta – após passar a noite em um bunker, ouvindo sirenes “o tempo todo”. O DF teve seis representantes, e a primeira-dama Mayara Noronha Rocha vazou antes da escalada do conflito. Dois dos integrantes do staff candango eram “acompanhantes da primeira-dama”. Que luxo! Uma comitiva do governo de Mato Grosso também aguarda retorno ao Brasil – atenção aos cargos e tente imaginar a relevância da viagem-bomba para seus empregos: Christinne Maymone: secretária adjunta da Secretaria de Estado de Saúde, Marcos Espíndola: responsável pelo setor de tecnologia, e Ricardo Senna: secretário executivo de Ciência e Tecnologia. O prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon (PL) – sim, com esse nome, ele é brasileiro -na Região Serrana do Rio, precisou se abrigar em um bunker na cidade de Kfar Saba, durante a madrugada. “Pra gente, que é brasileiro, e não está acostumado a esse tipo de rotina, fica bastante impactado”, declarou à Globonews. Como é prefeito?

O governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil) era a prova de quem tem cu tem medo. “A gente tem outras guerras no Brasil, mas eu estou experimentando aqui uma situação que é bem complexa”, desabafou. “Toda hora tem um aviso de alarme, toda hora a gente recebe avisos aqui. Os avisos são bem altos”, contou. Não diga, governador. O prefeito de Macaé, Welberth Rezende (Cidadania), contou que o grupo foi ao país buscando “conhecimento de métodos tecnológicos”. Prefeito, o senhor sabe quais são os “métodos tecnológicos” do país de Netanyahu? É tiro, porrada e bomba, meu filho.
Imagem de capa gerada em IA.