Voto repugnante no STF: Fux tortura palavras e fatos para eliminar trama golpista e prestar serviços a Bolsonaro e Trump

10 de setembro de 2025, 14:58

Em seu voto constrangedor, repugnante, excruciante, alarmante, prolixo, incomprensível para o cidadão comum, com tantas citações e referências sem nexo desencavadas pela cara assessoria – beirando a tortura, ao deixar a conclusão de sua golfada jurídica para depois do almoço – ele precisa sentir o clima na Corte e a receptividade junto aos réus -, o lutador de jiu-jitsu, ex-advogado da Shell, mais conhecido como Luís XV do Supremo Tribunal Federal, e terceiro a votar no julgamento da tentativa de golpe de estado pela gestão Jair Bolsonaro, supreendeu até seus demais colegas de Primeira Turma na Corte. A estratégia, demonstrada desde o início, não era pedir vistas e adiar a sentença final, ficou claro que a dinamite que levava embaixo da toga era para demolir o julgamento.

Desqualificar completamente tudo, jogando na lata de lixo da história todas a argumentação do relator Alexandre de Mores e a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet – os fatos, as imagens, os documentos, a delação premiada, a lógica -, descartando a premissa básica, de um crime cometido por organização criminosa, e abrindo a brecha, sabendo que a condenação é certa pelos demais membros da turma, para melar o julgamento – o que foi acompanhado o tempo todo por sorrisos irreprimíveis pela defesa dos réus, que, até então, só cumpria tabela, mais perdida que cegos em tiroteio.

Nesta quarta-feira, 10, quando foi o único a votar, tal o volume de páginas que colecionou no chatGPT, Fux assumiu de vez o papel de verdadeiro pária do Supremo. Durante o julgamento da trama golpista, que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete integrantes do núcleo crucial, Fux – uma espécie de híbrido de atos de Fernando Henrique Cardoso – que o nomeou para o STJ em 2001, e Dilma Rousseff, que o nomeou para o STF dez anos depois, mas indicado pelo então influente aliado Sérgio Cabral, que em 2016, orientou seus aliados no PMDB a votarem pelo afastamento dela da Presidência – demoliu tudo. Fux descartou, inclusive, a argumentação majorante de uso de arma de fogo — que pode resultar em um aumento da pena de até 50% —, porque a denúncia não descreveu o uso efetivo de armas de fogo durante a execução dos crimes. Esqueceu que os cúmplices eram as Forças Armadas.

In Fux we Trust

A frase, em inglês, versão jocosa de “In God We Trust” (“Em Deus Confiamos”), uma espécie de lema dos Estados Unidos, símbolo presente em moedas, notas e edifícios públicos ianques, adaptada ao nome do ministro Luiz Fux, casou perfeitamente com o voto de Trump, digo, Fux. Ele afirmou, sem nenhum argumento concreto, e divagando por hipóteses e elocubrações, que não houve demonstração desse delito porque não há provas de que os integrantes se uniram de modo a criar uma “entidade autônoma” com o objetivo de praticar vários crimes e com o objetivo de permanecer unidos mesmo após a prática desses crimes. Chegou a citar os “pais fundadores americanos”, quase vestindo a bandeira dos EUA no lugar de sua capa preta. Está, definitivamente, no país errado. Quem sabe não se aposenta em Miami.

“A existência de um plano criminoso não basta para a caracterização do crime de organização criminosa”, afirmou o virginal Fux, um dos três ministros do STF, junto com André Mendonça e Kassio Nunes Marques – indicados por Bolsonaro -, a não ser sancionado por Donald Trump pela Lei Magnitsky, ou seja não teve seus vistos cancelados, bens cancelados ou restrições financeiras. Como disse Einstein, “as coincidências são a forma que Deus achou para ficar anônimo”. Nas redes sociais, Fux está, nesse momento, liderando os trends and hashtags brasileiras do X como “Fux apoia golpista”.

Termine seu voto, ministro, finalize a sujeira, a história não te esquecerá.

  • Imagem gerada em IA a partir de uma foto

Escrito por:

Jornalista há 40 anos, repórter e editor de grandes veículos - O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, Correio Braziliense, Istoé - assessor de imprensa e ex-diretor de agências de comunicação corporativa. Trabalhou no Senado e na Prefeitura do Rio. Já colaborou em diversos sites. Ex-professor de Jornalismo da PUC-RJ.Premiado, entre outros, com Prêmio Esso, Embratel e Herzog.

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