‘Pinky e Cérebro’: Paulo Figueiredo é o lobista das direitas ianque-brasileiras, enquanto Eduardo é o filhote desmiolado da família golpista

3 de agosto de 2025, 10:05

Mais do que o filhinho de papai, o deputado fujão Eduardo Bolsonaro, “auto-exilado” nos EUA, que representa a consaguinidade golpista, com sua barba por fazer e os ternos apertados – gosta tanto de posar com camisetas justas quanto portando armas -, é superestimado como “cérebro” do golpismo apátrida contra o governo Lula e o STF. Quem está à frente das articulações, por seus muitos contatos, que tem pressionado por sanções contra autoridades e instituições brasileiras, é o “articulador político, influencer e e comentarista” Paulo Figueiredo, morando nos EUA há dez anos, com uma real proximidade com o poder no governo Donald Trump. Não atoa, em vídeo constrangedor nas redes sociais, Eduardo diz, literalmente: “Eu abro a porta, eu sou o coração, mas você é o cérebro” – publicado na no dia 27 de maio, no canal de Figueiredo no YouTube.

Tão jovens: sócio brasileiro de Donald Trump, ainda novinho, Paulo Figueiredo colocou o parceiro numa roubada ao associar sua LSH Barra Empreendimentos Imobiliários com a Trump Organization para erguer um hotel de luxo – ao custo de US$ 120 milhões – no berço bolsonarista no Rio. Apesar da inauguração parcial em agosto de 2016, Trump pulou fora do projeto em dezembro, cheio de problemas. Hoje sob nova administração, chama Lifestyle Laghetto Collection. Arquivo pessoal.

Neto de um ex-presidente da ditadura militar, viúvo do “ideólogo” de direita Olavo de Carvalho, falecido em 2022 – que foi o dinossauro da direita “exilado” nos EUA -, e ex-sócio – fracassado – de Donald Trump, Paulo Figueiredo, já denunciado da Procuradoria-Geral da República (PGR), tornou-se o principal aliado de Eduardo Bolsonaro na ofensiva internacional contra ministros do Supremo Tribunal Federal, especialmente Alexandre de Moraes. Até por sua entrada, maior do que Eduardo, na Casa Branca e no Congresso norte-americano, especialmente após as eleições presidenciais de 2022. A influência teve efeito: uma semana antes do anúncio das sanções, Paulo reuniu-se com o deputado republicano Cory Mills, que preside o subcomitê de inteligência das relações internacionais no Capitólio – e ligado ao secretário de Estado Marco Rubio -, e discutiu, com o parça, a aplicação da sanções econômicas ao Brasil. “Esse trabalho de formiguinha, de bater de porta em porta, surtiu efeito”, disse Paulo Figueiredo, em outro vídeo nas redes.

Traídores da Pátria, lobistas e apátridas: Paulo Figueiredo, o neto do último ditador, radicado nos EUA há dez anos, ao lado de Eduardo, filho “auto-exilado” do golpista inelegível: “Tarcísio é opção do sistema e Bolsonaro é o presidente que o povo quer”, diz, em seu podcast transmitido dos EUA, onde ataca, sem dó, Alexandre de Moraes e o governo Lula, como se falasse de Nárnia. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

Figueiredo, que mora com conforto na cidade de Weston, no condado de Miami‑Dade, na Flórida – paraíso de ricaços, onde metade dos 68 mil habitantes é de estrangeiros – uma espécie de paraíso de imigrantes de direita, até pelo cheirinho de ralo anti-castrista – atualmente tem um programa no YouTube, o “Paulo Figueiredo Show”, totalmente dedicado a ameaçar, explicitamente, autoridades brasileiras, e inventar teorias conspiratórias. E, claro, é comentarista internacional da – adivinha! – Jovem Pan – , e colaborador do Brasil Paralelo, outro projeto direitista. Em suas asquerosas redes sociais, Figueiredo deixa claros seus planos. No último post – evite o asco de ouvir tudo -, gravado do carro, ameaça Alexandre de Moraes e nega ter relação com a milícia bolsonarista , posando de ofendido. “Alexandre de Moraes, você tá nervoso, rapaz, tá babando. Calma, a confusão tá só começando do lado de cá. Você vai ficar radiativo”, provoca.

Paulo Figueiredo, em suas redes, grava, sem pudores ameaças a autoridades brasileiras, como Alexandre de Mores. “Alexandre, você vai ficar radiativo”, promete. Ele se tornou o principal elo de ligação para a agenda bolsonarista nos EUA. Reprodução/Instagram

Paulo Figueiredo é a chave para entender as investidas de Trump contra o Brasil. A sua atuação não se limita a fazer denúncias e postar no podcast, mas sim usar seu trabalho de lobista contra o governo Lula, usando sua rede de contatos, para tentar viabilizar ações concretas do governo americano. Figueiredo tem aparecido em audiências no Congresso americano, onde apresenta os bolsonaristas como vítimas de perseguição política, e chama o ministro Alexandre de Moraes de “ditador disfarçado de juiz”. Ele usa seus contatos, que incluem não só a família Trump, mas outros assessores e legisladores conservadores, para dar legitimidade a essa narrativa e, assim, tentar convencer o governo americano a derrubar Lula e implodir o STF. A tese é que o Judiciário brasileiro, especialmente o Supremo, está atuando de forma a cercear a liberdade de expressão e a perseguir adversários políticos. Pra muitos políticos republicanos, a “denúncia” cola – a mesma trupe que vê os governos de Cuba e Venezuela como forças do mal. Contra o governo comunista da China, por sua força hegemônica, eles se borram e não têm a mema coragem.

Paulo Figueiredo – ao fundo a imagem do avô ditador – , e que defende a anistia de Bolsonaro, disse que Tarcísio de Freitas “atrapalha” ao tentar negociar com os EUA. Ele fez críticas após o governador se reunir com servidor da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar. Aposta no “quanto pior, mellhor”, etem ciúmes do governador, que já postulou a candidatura da direita em 2026. Imagem: Mandel Ngan/AFP.

Financiamento Silencioso

O trabalho de Figueiredo, o herdeiro, pode ser ignorado aqui, mas é fundamental para a disseminação de conteúdo alinhado com a extrema-direita brasileira em canais e redes conservadoras nos EUA, garantindo que a narrativa bolsonarista tenha visibilidade internacional e não fique restrita ao Brasil. Algo que precisa ser investigado: a rede de apoio de Figueiredo e de outros ativistas de direita não se limita a um único país. Há um fluxo de informações e de recursos entre a extrema-direita brasileira e a americana, e ele se apresenta como um dos facilitadores desse processo. Nesse ambiente, longe dos holofotes da grande mídia, essas redes de apoio financeiro se consolidam.

Imagem gerada partir de IA, inspirada no desenho Pinky e Cérebro.

Escrito por:

Jornalista há 40 anos, já foi repórter e editor nos maiores veículos do país - O Globo, Jornal do Brasil, Folha de S.Paulo, Correio Braziliense, Istoé - assessor de imprensa, analista sênior de informações e/ou ex-diretor de agências de comunicação corporativa - FSB Comunicação, Santafé Ideias, entre outras -, ex-professor de Jornalismo da PUC-RJ, trabalhou no Senado Federal e na Prefeitura do Rio. Já foi assíduo colaborador dos sites Os Divergentes e DCM. E criador, com meu irmão Paulo Henrique, da revista cultural Tablado, que durou 20 anos a acabou na pandemia. Premiado, entre outros, com Prêmio Esso, Embratel e Herzog. E, PRINCIPALMENTE, pai do Bruno e da Gabriela, orgulhos da minha vida.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *