
Sai meia GLO aí, na chapa, que está quente…
No dia seguinte ao que um general de quatro estrelas, ex-Comandante Militar do Leste, ex-ministro da Defesa, ex… do Exército Brasileiro tem o seu nome varrido da vida pública e das oportunidades na política pela Justiça Eleitoral – estamos falando de Walter Braga Netto -, uma coletiva com pompas, circunstâncias e a presença física das três Armas à mesa, dá o pontapé inicial ao… reempoderamento das Forças Armadas.
Sim, senhores, é disso que se trata, porque em termos de eficiência, noves fora, como diz o decano, nada fica de pé, ou muito claro, a não ser a oportunidade para tirar da pauta a condição vergonhosa a que ficou relegado o Exército Brasileiro, depois de lutar com todo o apoio do ministro da Defesa, José Múcio, para tirar da CPMI – encerrada no dia 17 de outubro – o general, de entre os depoentes.
Em funções “diplomáticas” desde o seu ziguezaguear pelos gabinetes, à cata de recursos e providências que pudessem aliviar os militares graúdos da vergonha de ter que buscar habeas corpus para silenciar diante de senadores e deputados, o ministro Múcio teve cinco minutos de inserção na coletiva, para dizer uma bobagem. Que militares se coloquem na condição de “reviradores” de mala, ao lado de cães farejadores, para buscar pacotinhos de drogas trazidos (ou levados) por mulas nos aeroportos. Não é para isto que eles estão sendo recrutados em seus postos, ministros. Isto é função de policiais federais.
E para dar a impressão de que a coisa tem mais seriedade do que a implementação da “meia” GLO, o ministro da Justiça, Flávio Dino, alertou que esse plano está sendo engendrado há dois meses, com a presença do Secretário Ricardo Capelli, no Rio, a Associação Comercial, a Firjan e, os “especialistas”: militares e policiais.
Ah! Bom… Que pena que o ministro Flávio Dino não tenha tido um mês a mais para se dar conta, por exemplo, que o país paga – através de bolsas da CAPES -, um bando de historiadores, cientistas políticos, advogados, sociólogos e antropólogos, para mergulharem por mais de dois anos sobre esse problema, o da insegurança que desespera a sociedade. Há acadêmicos pagos para estudar e formular belíssimos projetos, a fim de conter ou explicar a violência e os seus descaminhos. Esses, sim, os especialistas, nunca são ouvidos, a despeito de terem os seus estudos e pesquisas pagos pelo poder público.
Não faz mal. É possível que o senhor Eduardo Gouveia Vieira, da Firjan, tenha mesmo tempo para se debruçar sobre essa questão complexa, da segurança, e até muito a contribuir, além de fornecer apoio para a compra dos novíssimos equipamentos como drones e outras parafernálias, absolutamente necessárias para essas operações.
Maravilha. A “meia” GLO hoje anunciada vai levar aos portos, aeroportos e pontos fulcrais do queijo suíço, por onde entram as drogas no país, os bravos militares arregimentados em um total de 3.700 homens, com esse fim. Mas, certamente, não irá incomodar políticos de grande envergadura, como aquele que atravessou “na muda”, todo o período crítico do pós golpe.
Quem não se lembra da sua voz chorosa na gravação em que pedia propina, dialogando com o pai de um senador da República que dizia com todas as letras: “Você sabe que eu trafico” … E do outro lado da linha o senador assentiu, cordato: “sei” … E nada aconteceu, porque naquele momento, bandido não era o grande traficante confesso, tampouco o senador propineiro e outras coisas mais. Naquele momento o bandido a ser pego era o ex-presidente Lula. Esse, sim, merecia mofar na prisão. E assim foi feito.
Para começar, revigorar artigo 142 e GLO, agora, é apenas trocar de bem, esticando o dedinho mindinho para os golpistas magoados e fardados. É dizer-lhes: sim, vocês estão certos. A casa é sempre de vocês, fiquem à vontade. Estamos acostumados à tutela, a viver à espreita.
Plano de inteligência não está na mala dos mulas. Ações de inteligência são atividades da Polícia Federal, que cruzando dados com a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal – devidamente higienizada –, conseguiria cumprir o princípio: “siga o dinheiro”.
Não há coragem para enfrentar os problemas na sua plenitude. Haveria trepidação, alegam todos. Por isso, vamos deixando tudo como está. Não apareceu nem mesmo algum/ma colega que se atrevesse a quebrar o protocolo e a se dirigir ao comandante do Exército bem ali, à mão, para perguntar: o que o senhor achou de ter um ex-comandante banido da política por improbidade em sua conduta durante a campanha eleitoral? Em terra de milícia, quem tem GLO… Melhor não contrariar.