
Sergio Moro agarra-se à justiça de Deus para enfrentar Gilmar Mendes

Sergio Moro faz parte de uma turma que se renova, de tempos em tempos, com figuras que se consideram ou se consideravam inalcançáveis. Polícia, Ministério Público e Judiciário ralam muito para enquadrá-los, mas muitos escapam.
Aécio Neves sempre escapou, Arthur Lira está escapando, Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto, que até presos já foram, escapam sempre. Hugo Motta é estagiário, mas pode escapar.
Davi Alcolumbre tem doutorado de escapador, obtido na mesma escola de Michel Temer. Outros, mais antigos e mais recentes, achavam que escapariam, mas tombaram. Eduardo Cunha, Deltan Dallagnol, Carla Zambelli.
Estão tombando os liderados pelo chefe da organização criminosa que fracassou como facção golpista. Entraram na fila o filho americanizado de Bolsonaro, seus assistentes nos Estados Unidos e mais os 36 réus do golpe à espera de julgamento.
Alguns que frequentam todas as listas de investigados e impunes crônicos não tombam porque o sistema de Justiça se esquece deles, como o véio da Havan, que se distrai fazendo até banquete com desembargadores em Santa Catarina.
Há nessas turmas, com suas variações, a arrogância dos que desfrutam da certeza da impunidade, como Nikolas Ferreira, em meio ao tiroteio em que parceiros vão ficando pela estrada.
Pegaram a Zambelli, mas não me pegam, porque eu tenho o corpo fechado. Não pegam porque ainda dispõem de alguma proteção política ou religiosa, como Malafaia, por boa interlocução no STF e por poderio econômico.
Sergio Moro não tem proteção nenhuma no Supremo, não tem turma fiel na política e se mantém vivo pelo que ainda lhe resta do rescaldo do lavajatismo. Não é pouca coisa, tanto que é forte candidato ao governo do Paraná.
Informam, criando expectativas exageradas, que Moro pode ter o mandato de senador cassado, se for condenado pelo STF a mais de quatro anos de cadeia por ter dito que Gilmar Mendes vende habeas corpus.
Esses dias, diante da formação de maioria na Primeira Turma, para que recursos da sua defesa fossem rejeitados e o processo tivesse continuidade, Moro se saiu com essa nas redes sociais:
“Quem tem a consciência tranquila perante a lei, a verdade e justiça de Deus, nada tem a temer”.
Moro agarra-se às leis, à verdade, à Justiça e à proteção divina, faltando as referências do extremismo à pátria e à família. O ex-juiz já escapou de uma ação eleitoral, por abuso de poder econômico na eleição de 2022. Foi absolvido em maio de 2024 pelo TSE.
Dorme em alguma gaveta da Procuradoria- Geral da República o caso da fundação de R$ 2,5 bilhões que seria criada por Deltan Dallagnol. Ele é citado nesse rolo.
A corregedoria do Conselho Nacional de Justiça concluiu, a partir de relatório da PF, que o juiz agiu em conluio com Dallagnol e a juíza Gabriela Hardt, para que se apropriassem de recursos da Petrobras, numa manobra que envolve vários crimes, incluindo peculato.
Mas essa é uma pauta ainda abordada apenas pelos sites progressistas, porque os jornalões não tratam de nada que possa ser desabonador para Moro. O silêncio é o pagamento pelas dívidas acumuladas pelas informações recebidas durante o lavajatismo.
Com a eternidade de um mandato de oito anos como senador, com perspectiva eleitoral e ainda com o apoio das corporações de mídia, Moro espera não precisar recorrer à justiça de Deus para resolver seus problemas.
Mas do outro lado está Gilmar Mendes, com quem Deus e o diabo se aconselham todas as semanas.
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