
Precisamos saber mais de Braga Netto
O general Braga Netto é considerado pelos civis aliados do governo como o mais poderoso ministro militar de Bolsonaro. Augusto Heleno é quem cuida da segurança de Bolsonaro e da família e sempre está por perto.
Heleno pode ser o mais próximo, o que mais tem informações, mais sabe do entorno de Bolsonaro e o mais prestativo.
Mas o general que chefia a Casa Civil, coordena o gabinete de crise há um ano, tem capacidade de articulação política e conhece as tropas, que chegou a montar o que seria o Programa Pró-Brasil e tem habilidade para fazer a gestão funcional e emocional do governo, com o respeito de todos, civis e militares, é Braga Netto. O general aprendeu muito sobre política como interventor no Rio.
O ministro teve agora o que a própria Casa Civil classificou em nota oficial como um “mal súbito”. Foi na quarta-feira durante as férias em Maceió. Um mal súbito não é um mal-estar.
A informação divulgada diz que o general teve o mal súbito, foi internado na Santa Casa de Misericórdia e nesta quinta-feira retornou a Brasília.
É provável que o ministro tenha retornado não porque se recuperou totalmente, mas para que seja melhor avaliado e assistido em Brasília.
Braga Netto é uma figura pública relevante da militarizada República bolsonarista. Por isso, em nome da transparência, é preciso que o país seja informado sobre o que aconteceu com ele.
Só nas ditaduras as figuras públicas têm o controle absoluto de informações sobre suas condições de saúde. Nas democracias, a população deve ser informada sobre a capacidade de quem ocupa altos cargos de continuar em atividade, em todos os níveis.
Braga Netto não é um ministro qualquer. Talvez dependa dele, mais do que de qualquer outro, a garantia de que Bolsonaro ainda conta com o apoio dos militares, enquanto é abandonado por empresários, banqueiros e economistas tucanos e, daqui a pouco, se não der tudo o que eles pedem, talvez até pelo Centrão.
A pergunta que se faz, diante das dúvidas sobre a saúde de Braga Netto, é esta: o que pode acontecer com os humores da base militar de Bolsonaro, se o general for obrigado a se afastar de suas funções?
É quase certo que os danos provocados por uma eventual ausência não serão pequenos.
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