Coordenador do grupo Prerrogativas diz que Eduardo Bolsonaro cometeu crime de lesa-pátria

10 de julho de 2025, 20:14

O coordenador do Grupo Prerrogativas – composto por advogados e juristas empenhados na defesa da democracia -, Marco Aurélio de Carvalho, sugere que se instaure um procedimento administrativo disciplinar, para apurar a atuação do filho de Jair Bolsonaro, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

Seu posicionamento está em linha com a denúncia feita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), protocolada nesta quinta-feira (10), no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados e que pede a cassação do seu mandato.

Carvalho justifica a instauração do procedimento, com base no “que ele próprio disse. Ele publicou uma carta/confissão, ele interagiu com autoridades americanas na busca dessas sanções. Portanto, é um crime de lesa-pátria. Ele desonrou o mandato popular recebido após ser democraticamente eleito e atentou contra os interesses soberanos do país”, reforça. 

Para o advogado, esse “é um dos crimes mais graves, sobretudo para um parlamentar. Então ele tem que ter o mandato cassado e tem que ter decretada a inelegibilidade por muitos anos”, considera. 

Tanto o PT quanto Marco Aurélio Carvalho estão de acordo com a punição para o comportamento do parlamentar. O grande desafio, porém, é trazê-lo de volta ao país, agora que ele está declaradamente sob as asas de Donald Trump.

O presidente dos Estados Unidos, na interpretação do que disse o economista e prêmio Nobel de Economia, Paul Krugman, à GloboNews, nesta tarde, perpetrou uma ingerência inédita, que foi trazer para a economia uma chantagem política sem precedentes. Na opinião de Krugman, se a democracia estivesse em pleno funcionamento nos EUA, Trump mereceria o impeachment. O economista classificou de um gesto extremamente violento. 

Numa interpretação livre, do que disse Krugman, poderíamos avaliar que foi inaugurado um novo tipo de lawfaire, o econômico. Ao chantagear o Brasil a partir de sanções em seus produtos, desorganizando uma relação de 200 anos entre os dois países, e exigindo em troca o fim de um processo no Judiciário, foi o que fez o presidente dos EUA, uma espécie de lawfaire econômico. 

Eduardo Bolsonaro pediu licença da Câmara por seis meses do mandato de deputado federal e decidiu se mudar para os Estados Unidos. O filho 03 de Jair, deixou claro em uma carta assinada nesta quarta-feira (09/07), juntamente com Paulo Figueiredo – o neto do último ditador do Brasil, João Figueiredo -, que foi o autor das articulações que desembocaram na atitude do presidente estadunidense, Donald Trump, de estabelecer tarifas da ordem de 50% sobre os produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. 

Para sustá-las, Trump impôs que o Brasil suspenda “IMEDIATAMENTE” (assim mesmo, aos berros na linguagem da Internet, e em tom de ordem), os processos que intitulou de “caça às bruxas”, contra o ex-presidente, a quem classificou de vítima de “perseguições”.

Na carta divulgada ontem à noite, no Brasil, o deputado Eduardo Bolsonaro, licenciado da Câmara desde março, escreveu pedido para autoridades brasileiras “evitarem escalar” o conflito com os Estados Unidos para evitar “o pior”. Um flagrante ameaça ao seu próprio país.

  • Foto Eduardo Bolsonardo/Divulgação

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Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora-pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada", membro do Jornalistas pela Democracia