Uso de telas por crianças deve ser equilibrado: é fundamental incentivar a redução do tempo de tela e promover brincadeiras educativas, que estimulam a criatividade, o aprendizado e o bem-estar

Uso frequente de telas, mesmo ajudando na educação digital, pode ter impactos negativos na saúde das crianças, alerta especialista do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF

2 de maio de 2025, 10:55

Embora o uso da tecnologia traga muitos benefícios e seja um caminho sem volta, ajudando a democratizar a informação e contribuindo para a educação digital, o uso excessivo de telas pode causar vários impactos negativos na saúde das crianças. O alerta é cada vez mais frequente por rofissionais de saúde, que se preocupam com as consequências que isso tem gerado no desenvolvimento nas novas gerações. Pediatra do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), Loren Nobre destaca que o uso excessivo de telas (telefones, tablets e TV) pode afetar negativamente o desenvolvimento físico, social e emocional das crianças. E afirma que é fundamental incentivar a redução do tempo de tela e promover brincadeiras educativas, que estimulam a criatividade, o aprendizado e o bem-estar.

“Estudos têm mostrado que o tempo excessivo diante das telas pode levar a dificuldades no sono, pois o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir interfere na qualidade do sono, comprometendo o descanso necessário para o desenvolvimento saudável da criança. Além de gerar problemas de visão, tendo em vista que o tempo prolongado olhando para telas pode causar fadiga ocular, olhos secos e outros problemas”, alerta Loren Nobre, que é lotada no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que crianças menores de 2 anos não usem telas, e que crianças de 2 a 5 anos tenham no máximo uma hora de tela por dia. Crianças de 5 a 14 anos o tempo não deve ultrapassar duas horas por dia.

“Reduzir o tempo de tela não significa eliminar a tecnologia, mas sim, buscar um equilíbrio saudável, garantindo que a criança tenha tempo suficiente para desenvolver outras habilidades importantes, como criatividade, resolução de problemas e interação social”, explica Loren.

Segundo a especialista, o desenvolvimento motor também fica prejudicado, porque a interação com telas pode reduzir o tempo dedicado a atividades físicas e brincadeiras ao ar livre, prejudicando o desenvolvimento motor e a saúde física da criança. Também há impactos no desenvolvimento social e emocional, pois o uso excessivo de tecnologia pode afastar as crianças de interações sociais reais, o que prejudica no desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais essenciais.

“Temos também os riscos para a saúde mental, porque dependendo dos conteúdos inadequados a que a criança é exposta, redes sociais e comparações digitais, isso pode gerar ansiedade, baixa autoestima e até mesmo depressão. Para promover uma infância saudável, é essencial estabelecer limites saudáveis para o uso de dispositivos eletrônicos”, reforça.

Brincadeiras que estimulam o desenvolvimento cognitivo e criativo:

Brincadeiras de montar (blocos de construção, Lego etc.)

Esses brinquedos ajudam no desenvolvimento da coordenação motora fina e do raciocínio lógico, pois as crianças precisam pensar sobre como organizar e estruturar as peças para criar algo novo.

Quebra-cabeças e jogos de enigmas

São excelentes para trabalhar a paciência, a resolução de problemas e o pensamento crítico. Brincar com quebra-cabeças ajuda as crianças a entender a relação entre as partes e o todo.

Brincadeiras de faz-de-conta

Crianças adoram simular papéis e cenários com brinquedos, como bonecos, animais ou objetos domésticos. O faz-de-conta estimula a imaginação, o vocabulário e a empatia, pois as crianças podem explorar diferentes perspectivas e situações sociais.

Atividades artísticas (desenho, pintura, recorte e colagem)

A arte permite que a criança se expresse e desenvolva habilidades motoras finas e criatividade. Ao desenhar ou pintar, as crianças praticam concentração, planejamento e expressam suas emoções.

Jogos de tabuleiro e cartas

Jogos como “Memória”, “Ludo” e “Jogo da Velha” não só promovem a interação social, como também ajudam no desenvolvimento de estratégias, raciocínio lógico e respeito às regras.

Atividades ao ar livre

Além de promoverem a atividade física, essas brincadeiras ajudam no desenvolvimento motor, socialização e autoconfiança. Elas também proporcionam oportunidades para a criança explorar a natureza e aprender sobre o mundo ao seu redor.

Incentivando o jogo livre e a interação social

É importante também dar espaço para o jogo livre, onde a criança pode criar suas próprias brincadeiras, improvisar e interagir com outras crianças. O jogo livre é uma oportunidade para que a criança se desenvolva de forma autônoma, desenvolvendo habilidades como criatividade, resolução de conflitos e negociação.

Atividades que estimulam o pensamento crítico e a imaginação:

Construção de histórias

A leitura de livros e a contação de histórias estimulam a imaginação das crianças, além de ajudar no desenvolvimento da linguagem, da atenção e da memória. Ao criar suas próprias histórias ou personagens, as crianças praticam a criatividade e a expressão verbal.

Brincadeiras de raciocínio lógico

Atividades como sequência de figuras, labirintos ou jogos de memória ajudam a desenvolver o raciocínio lógico, a atenção e a resolução de problemas de maneira divertida.

Foto: Divulgação/IgesDF
Fonte: Com informações da Agência Brasília e do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF)

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