ARROGÂNCIA COLONIAL E RESPOSTA PÍFIA
Há alguns dias, o chanceler alemão Friedrich Merz vestiu o coturno da arrogância do reich e cometeu uma despropositada diatribe sobre sua visita à COP30: “Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão”, teria perguntado aos seus auxiliares. “Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, (…) especialmente daquele lugar onde estávamos”.
Lula demorou alguns dias, até que respondeu à prepotência ariana: “Ele, na verdade, devia ter ido num boteco no Pará. Ele, na verdade, deveria ter dançado no Pará. Ele, na verdade, deveria ter provado a culinária do Pará”. Ou seja, diante de uma patada diplomática, o presidente brasileiro faz uma gracinha, com comparações infantis. Repete o mantra subalterno de que somos um povo inzoneiro, bonito por natureza e hospitaleiro, além de se colocar na defensiva diante do colonizador. Até parlamentares alemães viram racismo na fala de seu chefe de governo.
Vendo a pista livre, Merz não se desculpou e voltou à carga, nesta quinta: “‘Eu disse que Alemanha é um dos países mais bonitos do mundo, e Lula provavelmente concorda”.
Friedrich Merz é um político reacionário que adota várias pautas da extrema-direita, além de ser belicista e impopular. Hoje não seria eleito, dado o quadro parlamentar em seu país. A Alemanha vê ressurgirem fortes sinais de seu passado nazista nesse início do século XXI. O chanceler fez uma fala política e demandaria uma resposta no mesmo tom, denunciando todo seu preconceito de ex-metrópole colonial. Não se enfrenta o reacionarismo com piadinhas.