Avisem o marciano: a velha direita e o novo fascismo estão sem líder

25 de outubro de 2025, 13:01

A extrema direita brasileira desmoralizou até a história do marciano que chega à Terra e pede para conhecer o líder. No Brasil, o marciano chegaria com uma curiosidade específica e pediria para ser levado não ao líder do país, porque ele já conhece Lula há décadas.

Pediria para conhecer o líder da direita. Nikolas Ferreira o encaminharia a Sóstenes Cavalcante. Sóstenes? Sim, foi o que sobrou, porque não há líderes nem no bolsonarismo nem na velha direita brasileira.

O antigo líder por quatro anos, da velha e da nova direita, está preso em casa à espera da decisão do STF sobre o lugar em que ficará encarcerado. Sóstenes é seu substituto.

Flávio Bolsonaro explicaria que Sóstenes é o único que tem líder antes do nome na direita, por ser líder da bancada do PL na Câmara. O resto não lidera nada. Direita e extrema direita estão sem líder no Brasil.

O marciano, tentando ser esperto, perguntaria por Aécio, Zema, Temer, Caiado, Eduardo Cunha, Ciro Gomes. Nikolas, sempre o mais falante, diria que Ciro está de volta para liderar um projeto desenvolvimentista. Mas não é líder, há muito tempo é apenas um meme.

Até Malafaia tentou ser líder e se cacifar como candidato a presidente, mas não foi levado a sério nem pelos evangélicos. Michelle é influencer sob as ordens de Deus, mas não é líder. Eduardo é apenas um trapalhão.

Se Trump decidir falar com o líder da direita brasileira, depois de se livrar de Eduardo, terá que se entender com Sóstenes. Não tem saída.

Nem Ciro Nogueira, nem Valdemar Costa Neto, nem Gilberto Kassab, nenhum deles é líder. São operadores da direita, chefes de rebanhos, mobilizadores de quadros médios e de ações da direita, mas não são líderes.

Ninguém sabe quem é Ciro Nogueira em Cacequi. Nunca ouviram falar de Kassab em Pacajus. Nunca ficarão sabendo quem pode vir a ser Valdemar em Joselândia.

O marciano, mais ou menos informado, perguntaria então, como quem não quer nada, por Tarcísio de Freitas. E ficaria sabendo que esse não emplacou como líder. Por ser fraco, por fazer piada infantil com Coca-Cola e por ter medo de enfrentar Lula.

Os participantes da reunião com o marciano, que gostariam de não ser identificados, passariam a falar mal de Tarcísio e admitir: ele não tem condições.

Tarcísio quer ser um tocador de obras, de parcerias do público com o privado, e mandar matar bandido pobre e negro. Só pensa em parcerias. Não é um líder. Se fosse, já teria convencido Bolsonaro e a direita de que tem condições de sucedê-lo.

O marciano diria que não quer se meter em questões internas do Brasil, mas deixaria uma sugestão. Se Lula é o grande líder brasileiro e se a direita não tem quem rivalize com ele, que a direita se fortaleça como time, que tente se organizar pelo coletivo em torno de uma ideia.

E o marciano pediria então uma boa ideia, uma só, que pudesse juntar o centrão e o fascismo em torno do antilulismo. E a resposta seria essa: a única ideia é voltar a tentar um golpe.

O marciano iria embora na sua nave da Starship de Elon Musk (o que seria a surpresa da visita), e a cena final teria Sóstenes acenando para um facho de luz no céu ao lado de Nikolas.

  1. Imagem de arquivo de mulheres bolsonaristas pedindo intervenção dos EUA em ato pró-anistia em Copacabana. Foto: Pilar Olivares/Reurers

Escrito por:

Moisés Mendes é jornalista de Porto Alegre e escreve no blogdomoisesmendes. É autor de ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim). Foi editor de economia, editor especial e colunista de Zero Hora.

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