Bolsonaro espera o gesto de misericórdia de Alexandre de Moraes

21 de agosto de 2025, 13:41

Magistrados também são misericordiosos. Alexandre de Moraes poderia abreviar o calvário de Bolsonaro e retirá-lo do meio em que vive. Para livrá-lo dos que o desrespeitam e o atacam como um leão velho e fraco. 

Seria o grande gesto de misericórdia do ministro. Mandar prender logo Bolsonaro e imobilizá-lo, sem contatos pela internet com o filho que o agride e o chama de “ingrato do caralho” e com o pastor que deveria ser seu orientador espiritual e também o trata com desprezo.

Moraes poderia fazer com que até alguns grupos de bolsonaristas revisassem a imagem que têm dele. É só ter um gesto de grandeza e determinar que Bolsonaro deve ser afastado de ex-aliados que são hoje seus algozes.

Malafaia é um deles. É quase um personagem bíblico enviando mensagens para o pai para falar mal do filho. Bolsonaro foi obrigado a ouvir do seu pastor que o filho que diz buscar proteção do maior gângster mundial é na verdade “um babaca”.

E que, se ele continuar sendo babaca, o pastor grava um vídeo e “arrebenta” com Eduardo. Malafaia avisa Bolsonaro que irá destruir o filho dele, por não seguir a sabedoria do pastor.

Bolsonaro sofre. Sabe que Lula preso foi protegido por afetos e gestos políticos com vastos significados. E que ele, preso em casa e com tornozeleira, foi cercado por gangues e facções do Centrão e da extrema direita e tratado como um moribundo.

Sabe, até por informação do filho Carluxo, que ratos disputam seu espólio. Que Valdemar Costa Neto, Ciro Nogueira, Gilberto Kassab, Ratinho, Caiado, Zema e Tarcísio são as suas companhias, todas inconfiáveis. 

São interlocutores e visitas inconvenientes. Como o seu candidato a governador do Rio Grande do Sul, o Coronel Zucco, que iria presenteá-lo com um churrasco de picanha, quando tudo o que o visitado queria era canja de galinha. Michelle o enxotou da casa. 

Bolsonaro sabe que Braga Netto e os generais estão destruídos e valem menos do que um cabo e um jipe. E que sua vida seria um inferno em Buenos Aires, se o pedido de asilo tivesse sido levado adiante.

Bolsonaro está em sofrimento por se sentir usado por Trump, para que o neonazista ataque Lula e Moraes e assim deflagre seu projeto de dominação da América Latina.

Sabe que o filho está desconfortável nos Estados Unidos, um país que o asilado define como ‘essa porra aqui’. E que os fascistas americanos só irão proteger a família enquanto essa tiver alguma utilidade.

Alertado pelo filho, em mensagem apreendida pela Polícia Federal, de 10 de julho, sabe que, “se o cara daqui virar as costas para você”, tudo pode desandar. Bolsonaro percebeu há muito tempo que nunca seria um líder, mas apenas uma gambiarra anti-Lula, para brasileiros e americanos.

Moraes foi promotor e entende o dilema de bandidos que apelam para que sejam presos, na tentativa de se afastar do meio em que viveram e de comparsas que desejam matá-los.

Todos os do entorno de Bolsonaro, com as exceções de alguns da família, desejam vê-lo logo como morto político, porque só assim poderão levar adiante seus projetos.

Prender Bolsonaro agora, antes mesmo da condenação, seria o único jeito de afastá-lo dessa convivência, em que a presença dos que o cercam é também a presença da traição e da morte.

  • Imagem gerada em IA

Escrito por:

Moisés Mendes é jornalista de Porto Alegre e escreve no blogdomoisesmendes. É autor de ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim). Foi editor de economia, editor especial e colunista de Zero Hora.

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