Chacina faz a festa de líderes bolsonaristas e do fascismo cheirador

29 de outubro de 2025, 04:00

Se decidissem cantar juntos, o governador Claudio Castro e os cheiradores de cocaína da extrema direita formariam o jogral mais cínico do momento. O jogral do fascismo que comemora a matança de traficantes, desde que os traficantes não morram.

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Castro joga para a torcida, como se pretendesse ser a versão verde-amarela de Nayib Bukele, sob aplausos dos cheiradores brancos da Faria Lima e zonas assemelhadas, que atacaram Lula pela frase torta sobre usuários de drogas e traficantes.

Ambos, Castro e os cheiradores, sabem que a matança de bandidos não significa a morte da bandidagem. Porque o mercado estará garantido pela reprodução permanente dos quadros e das lideranças do crime organizado.

Os cheiradores moralistas não seriam nada mais do que cheiradores (e que cada um cheire o que bem entender) se não formassem a claque da turma de Claudio Castro na tentativa de ‘politizar’ a frase de Lula. 

Se Lula comete uma barbeiragem e permite que eles explorem o deslize, que Castro e os cheiradores da extrema direita respondam logo e com contundência: nós temos equipes de matadores dos bandidos que Lula trata com leniência.

O cheirador diz: matem quem me abastece, porque amanhã teremos dois ou três no lugar de cada morto. Direita e extrema direita aplaudem a matança no Rio por oferecer ganhos políticos ao bolsonarismo extremado ou moderado.

O cheirador admirador de Castro está certo de que Lula e o governo ficarão mal. Nas farsas que reproduzem, é a direita que combate o narcotráfico, como Trump faz bombardeando barcos no Caribe.

Castro fez, em escala industrial, o que ele e outros governadores já vinham fazendo no varejo de forma intermitente, matando bandidos e também inocentes que estiverem no lugar errado. 

A chacina dessa terça-feira inaugura, se o Ministério Público deixar, a era dos massacres em massa. É uma marca que ficará com Castro para sempre, a do governador que decidiu partir pra cima do crime organizado para matar cem num dia só. Quase conseguiu.

E o cheirador branco, com dinheiro em orçamento para a cocaína diária que o deixa inteligente, esse se diverte. A chacina teria o poder de dizer aos outros brancos moralistas que Castro faz o que Lula não faria. 

O cheirador que Lula tentou enquadrar com uma síntese impossível numa entrevista, esse já é também uma categoria importante do bolsonarismo, ao lado do racista, do homófobo, do xenófobo e do misógino. 

O cheirador branco da Faria Lima e de suas franquias pelo Brasil, que lava dinheiro do PCC, é a parte chique, cruel e macabra do fascismo. O cheirador tenta pegar Lula pela palavra e aplaude a chacina de seus fornecedores.

  • Rua em meio a megaoperação policial no Rio. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Escrito por:

Moisés Mendes é jornalista de Porto Alegre e escreve no blogdomoisesmendes. É autor de ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim). Foi editor de economia, editor especial e colunista de Zero Hora.

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