Ataque israelense à Palestina (Foto: Reuters)

Definição mais clara de genocídio não pode haver do que as ações de Israel agora na Palestina

31 de outubro de 2023, 16:48

A julgar pelos anúncios feitos pelo regime de Benjamin Netanyahu, confirmados por mapas e relatos sobre a ofensiva mortal dos blindados israelenses sobre a Faixa de Gaza, o objetivo é provocar um êxodo e uma étnica dos 2,3 milhões de palestinos que estavam até agora obrigados a viver. Definição mais clara de genocídio não pode haver: o “extermínio deliberado, total ou parcial, de uma comunidade, grupo nacional, étnico, racial ou religioso”.

No rastro das mais de 6 mil bombas atiradas de todas as formas, os blindados estão sendo enviados para forçar a retirada dos palestinos de suas casas e campos. Querem impor uma marcha de centenas de milhares de pessoas saídas das cidades desocupadas em direção ao sul, à fronteira com o Egito. E fazer este corredor humano, não se sabe como, atravessar a linha divisória. Deseja banir os que estiverem vivos para o país vizinho, no deserto do Sinai. O Egito já disse que não aceita.

É notável a farsa israelense contida na versão inicial de que sua operação inicial visava o Hamas, metamorfoseando-se agora num massacre de proporções inéditas contra um povo inteiro e contra suas aspirações nacionais.

Nos ataques desta terça-feira, Israel atingiu áreas densamente povoadas, matando dezenas e ferindo centenas. Os militares israelenses dizem ter matado um líder do Hamas, mas quem acredita na veracidade dessa informação ou na eficácia dela para a solução do problema?

Ao que aparece nos mapas, os blindados israelenses desejam atravessar a Faixa de Gaza pela área central numa passagem até o Mediterrâneo.

Como noticiou o jornal Haaretz, neste avanço morreram os dois primeiros dois soldados israelenses. Outros sinais de resistência apareceram em foguetes palestinos atirados contra Telavive.

Do Iêmen, o líder dos rebeldes Houthis declarou guerra a Israel. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, apoiado pelo Irã, anuncia para sexta-feira pronunciamento que só pode ir no mesmo sentido de uma declaração de guerra a Israel a partir de suas bases na Síria e no Líbano, as quais já vêm sendo bombardeadas por Israel.

O barril de pólvora já explodiu no dia 7 passado. O que pode vir por aí será em todos os sentidos uma hecatombe. É o resultado da transferência de uma população europeia para ocupar a Palestina, num tresloucado experimento colonial baseado numa ideologia de supremacia racial e religiosa chamada sionismo.

Escrito por:

Jornalista, diretor da Casa do Saber, ex-secretário de Redação e ex-ombudman da Folha, ex-ombudsman da Folha e do iG. Knight Fellow da Universidade de Stanford. Doutor em Letras Clássicas pela USP

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