Dois ministros da Saúde, nenhum programa. Nada de nada

19 de março de 2021, 18:34

O Brasil é um país absolutamente singular, e não estou me referindo ao fato de termos assumido a liderança mundial do número de mortos diários pela pandemia.Estou me referindo a termos dois ministros da Saúde, um ainda sentado na poltrona correspondente e o outro, já escolhido e anunciado, aguardando a vez de assentar o traseiro na dita cuja.

Dois ministros e nenhum programa, nenhuma ação efetiva para adotar medidas concretas e urgentes, urgentíssimas, para estancar as mortes que não fazem mais do que crescer e crescer, o colapso do sistema de saúde, tanto o privado como o público. Nada de nada. Eduardo Pazuello, o general da ativa que, pela incompetência olímpica e irremediável, se transformou em cúmplice do morticínio que cresce a cada dia, continua inerte. Agora, e só agora, quando morrem dois brasileiros por minuto, o capacho presidencial começou a comprar as vacinas que deveria ter comprado desde o começo do segundo semestre do ano passado. Já o cardiologista Marcelo Queiroga, indicado para o cargo por ser amigo do senador Flávio Bolsonaro, o rachadista dono de mansão de seis milhões de reais, adiantou, em conversas particulares cuidadosamente vazadas para a imprensa, qual será sua primeira medida: visitar hospitais.

E antes que alguém tivesse o infeliz descuido de pensar que se tratava da iniciativa humanitária que Jair Messias jamais pensou em ter, avisou: irá para saber se as UTIs estão mesmo lotadas, e para saber se os internados por causa da covid têm mesmo covid.É esse absurdo o que temos pela frente. É essa a nossa tragédia.Enquanto isso, Jair Messias continua como sempre, mentindo sem parar. Se vangloria, biszarro, de sermos o quinto país que mais aplicou vacinas no mundo.

Em termos absolutos, é verdade. Em termos proporcionais com relação ao número de habitantes, ocupamos a 58ª posição. Temos pouco menos de 5% da população do planeta, e 25% das mortes por covid. Pelo menos um terço de nossos quase 300 mil mortos ocorreram por inépcia do governo. Ou seja, pela cumplicidade presidencial, e de todo o seu governo, com o vírus assassino.E sua tropa tratando de impedir que ele seja chamado de genocida.Tudo bem: já não se pode mais utilizar expressões como boçal, psicopata, desequilibrado, genocida. E muito menos mencionar desvio de verbas públicas em seus tempos de deputado federal. Nada disso: só se pode tratar Jair Messias por “presidente”, mesmo que ele não presida nada além de um bando de mequetrefes, sem exceção, distribuídos pela Esplanada dos Ministérios.Isso, por enquanto. Porque se ele realmente transformar seu sonho principal em realidade, e conseguir impor o Estado de Sítio, nem de presidente mais pretende ser chamado: só de Salvador da Pátria.O que ninguém sabe é como sobreviver a tudo isso. E até quando teremos de continuar suportando esse genocida boçal instalado no palácio presidencial, cercado de áulicos patéticos e ineficazes.

Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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