Margarida Salomão (PT) é a primeira mulher eleita prefeita de Juiz de Fora

29 de novembro de 2020, 22:05

“Com imensa sensação de gratidão e, também, de humildade”. Esses foram os sentimentos traduzidos por Margarida Salomão (PT), após a confirmação – às 19h14 e com 54,98% dos votos apurados – a primeira mulher eleita para a prefeitura de Juiz de Fora, cidade de aproximadamente 600 mil habitantes, na Zona da Mata mineira. Depois da quarta tentativa, desta vez concorrendo com o empresário Wilson Rezato (PSB), do ramo de construtoras, Margarida chega ao cargo, neste domingo, (29) com o apoio de 144.529 eleitores. Seu opositor, com quem disputou em segundo turno, obteve 118.349 votos, perfazendo o percentual de 45,02%, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda de acordo o TSE, A eleição em Juiz de Fora teve 119.497 abstenções, 7.992 votos brancos e 19.972 votos nulos, destinados a ela e ao seu vice, o ex-vereador Kennedy Ribeiro (PV).

Sua disposição é iniciar amanhã, (segunda-feira, 30), a transição, auxiliada por uma equipe que contará com a paridade de gênero. Farão parte da comissão: Cidinha Louzada, a advogada Rosana Lílian e a professora Giane Elisa, além dos sociólogos Martvs Chagas, Beliel Rocha e o professor Rogério Freitas. “Eu sei a enormidade de esperança que está depositada em mim. Por esta razão eu estou com uma imensa disposição para fazer a nossa gestão corresponder ao sonho das pessoas que depositaram a sua confiança na urna, hoje. Começamos a trabalhar amanhã. Eu vou falar agora mesmo falar com o prefeito Almas (Antônio Almas), que já havia tido a gentileza de se manifestar, para estabelecer a transição”, adiantou.

Seus planos são os de anunciar na semana que vem o seu secretariado, “nos termos que eu me comprometi. Um secretariado paritário, metade mulheres, metade homens, e com homens e mulheres negras, para que a gente represente a população de Juiz de Fora”, disse.

Sua campanha teve como tônica a inclusão e o acolhimento, traduzido no slogan: “Tudo é para todos”.  Por isto, explicou em sua primeira fala na condição de eleita que “as políticas e os projetos da sociedade estão voltados à justiça social e à garantia de liberdade para todos”.

Em seguida, agradeceu aos eleitores que tiveram “a coragem de fazer a ruptura e escolher uma mulher para estar à frente da cidade”. E, ainda, “por dar esta oportunidade ao Partido dos Trabalhadores, que sempre foi muito bem votado em Juiz de Fora”. A exceção ficou por conta do clima emocional que se estabeleceu na cidade, em 2018, durante as eleições presidenciais, após ter sido palco da “facada” recebida por Bolsonaro, no Centro da cidade, em 6 de setembro daquele ano. O resultado se traduziu em votos nunca concedidos, à ultradireita. Bolsonaro recebeu o apoio de 45.333 eleitores (52,36 %); enquanto Haddad totalizou de 132.237, ou seja, (47,64 %). Com a eleição de Margarida, Juiz de Fora retoma o seu rumo de cidade progressista.

Além de frisar que a base do seu programa serão as políticas públicas, disse também que governará com a participação popular cidadã e controle social, promovendo o desenvolvimento urbano e rural nos municípios e priorizando o direito à cidade, com políticas sociais e a realização de direitos e gestão democrática, ética e eficiente.

Sobre a campanha, definiu como “um processo muito bonito e muito empolgante. Eu andei pela cidade inteira. Ouvindo as pessoas. Tive um apoio muito forte dos meus companheiros políticos. Nós fomos ampliando os nossos apoios. Tivemos apoios fora do nosso partido, mas que entenderam a importância de nossa mensagem, e de gerirmos Juiz de Fora, com um desenvolvimento focado nos direitos das pessoas, tais como: o direito à saúde, ao transporte, à educação, a creches. Trata-se do direito à cidade, que nós hoje, com a delegação do povo, vamos fazer valer”, voltou a prometer.

E, por fim, dirigiu-se à população diretamente: “eu quero mandar uma mensagem a toda a população. Os que votaram em mim, e os que votaram no outro candidato. Eu sou prefeita de todo mundo. Eu recebi esta delegação e sou prefeita da cidade. Nós vamos conversar com todo mundo. Nós temos um canal aberto com todas as pessoas, com todos os agentes políticos, inclusive com o Wilson Rezato, que participara no segundo turno, do PSB, e que nos antagonizou. O bem de Juiz de Fora está acima de qualquer disputa”, comprometeu-se.

Escrito por:

Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora-pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada", membro do Jornalistas pela Democracia

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