Líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, abraça Corina Yoris, que será candidata presidencial em seu lugar (Foto: Gaby Oraa / Reuters)

Notícias da Venezuela apontam o que está por trás da falsa proibição a Corina Yoris

29 de março de 2024, 18:44

Corina Yoris não foi vetada na Venezuela. Seu partido não estava habilitado e a Coalizão Plataforma Unitaria de Oposição, que poderia indicá-la, não a inscreveu.

Preferiu indicar Gonzalez Urrutia como uma das 13 candidaturas. Essa foi uma decisão da oposição, não da Justiça, muito menos do governo. A oposição participará das eleições, mas com os candidatos que estavam habilitados pela lei para fazê-lo.

Hoje, nem mesmo a Plataforma reclama. Apenas Maria Corina Machado, que fez esse show sabendo que nem ela nem a outra Corina estavam em condições de inscrever-se, a não ser que tivesse apoio dos partidos da plataforma opositora, que se negaram a apoiar Corina Yoris. Esta, além de tudo, não pretendia de fato se inscrever para assim disseminar a versão de que foi impedida.

Essa encenação com  Corina Yoris, de um partido não habilitado , foi feita para criar manchetes de que Maduro descumpre os Acordos de Barbados, mas todos os candidatos oposicionistas que preenchem os requisitos da lei estão inscritos e vão participar das eleições.

Uma jornalista mais atenta, percebendo a encenação de Corina Yoris, e vendo que a Plataforma de Oposição estava preparando a inscrição de Gonzalez Urrutia, perguntou a Corina: “Por que a sra não vai pessoalmente ao Tribunal, se alega que a página internet da Comissão Nacional Eleitoral não lhe dá os códigos de acesso?”.

Corina respondeu candidamente: “Não dá tempo“. Foram, porém, vários dias para a inscrição. Não recebia os códigos porque ela e seu partido não estavam habilitados. Os demais partidos da Plataforma poderiam tê-la inscrito, mas lhe negaram apoio. Inscreveram outro candidato. Houve um show e o Itamaraty levou informações errôneas ao presidente Lula. O que mais preocupa é saber se Lula tinha conhecimento dessas informações e mesmo assim tomou a iniciativa de atacar o processo eleitoral do vizinho venezuelano. Não seria um realinhamento banal.

Qualquer país que decide defender a própria soberania sobre suas riquezas naturais transforma-se em alvo do império, que busca confundir até mesmo os aliados mais atentos.

Está em jogo uma campanha para disseminar desde já descrença nas eleições. Este filme não é novo.

Escrito por:

Jornalista, diretor da Casa do Saber, ex-secretário de Redação e ex-ombudman da Folha, ex-ombudsman da Folha e do iG. Knight Fellow da Universidade de Stanford. Doutor em Letras Clássicas pela USP

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