
O delegado desprotegido será velado por homens com todo tipo de blindagem

Dezenas de homens bem protegidos, com carros blindados e blindagens políticas, estarão hoje em torno do caixão do delegado Ruy Ferraz Fontes. O velório terá muita gente importante dedicada a blindar integrantes da organização criminosa condenada pelo Supremo pela tentativa de golpe.
É possível que figuras da Faria Lima, algumas que só andam em carros blindados, apareçam no velório. O governador Tarcísio de Freitas, que na segunda-feira deveria estar em Brasília, tratando da blindagem de Bolsonaro, será a principal presença na cerimônia de despedida na Assembleia Legislativa.
O secretário de Segurança de São Paulo, Guilherme Derrite, participante de jantar com um grupo de empresários pouco depois do assassinato, dirá no velório, quem sabe ao lado de alguém da Faria Lima, que suas policiais encontrarão logo os assassinos.
Derrite é candidato do PP ao Senado, a câmara alta que a extrema direita pretende tomar de assalto, na eleição de 2026, para blindar os golpistas e partir para o ataque contra o Supremo.
Já sabemos que, enquanto a polícia procurava pistas dos que mataram o delegado, o secretário jantava com gente do dinheiro na casa de Rafael Furlanetti, diretor de relações institucionais da XP Investimentos.
A Folha informa: “Derrite chegou pouco antes das 20h. Segundo um dos participantes do jantar, ele se ausentou da mesa várias vezes para falar ao telefone, mas não comentou o crime com os comensais”.
O secretário foi embora por volta das 22h. O delegado já estava morto, depois de atacado com mais de 20 tiros de fuzil, desde as 18h. O tema do jantar teria sido segurança pública.
O velório de Fontes pode contar até com integrantes do PCC, porque ninguém mais sabe em São Paulo como diferenciar um bacana da Faria Lima, um prestador de serviços para a direita no poder e um chefe do crime organizado.
O governador Tarcísio de Freitas, um homem de sorte, havia marcado para essa terça-feira uma visita a Bolsonaro em Brasília. Mas o ministro Alexandre de Moraes empurrou o encontro para o dia 29.
O dia em que o delegado é enterrado estava previamente anotado na agenda do governador como dia de visitar Bolsonaro. Para liderar o plano de blindagem do chefe da organização criminosa com o projeto da anistia.
A família do policial sabe que, enquanto ele andava num Argo, um carrinho comum, e sem seguranças, quase todos os que estiverem hoje no velório, com alguma função importante, contam com blindagens. Mesmo os que não estarão ali, mas acompanharão de longe, são homens blindados.
São blindados pelas estruturas de segurança que os protegem e por políticos amigos, pelo Congresso, pela grande imprensa e, agora, até pelo PCC, dentro das fintechs da Faria Lima. Mas Fontes, um servidor do Estado, um dos grandes inimigos do crime organizado, não tinha proteção alguma.
No dia 22, data da missa de sétimo dia do policial, Bolsonaro receberá em Brasília a visita do deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), relator do projeto da anistia na CCJ da Câmara. Tratará de blindagem.
Dia 23, receberá o líder da oposição no senado, Rogério Marinho, para saber como o PL pode apressar a tramitação do projeto de blindagem do golpismo no Congresso.
No dia 24, o chefe da organização criminosa recebe Sóstenes Cavalcante, líder do PL na Câmara. Dia 25, Valdemar Costa Neto, presidente do PL. A lista é grande, com visitas diárias, até chegar a esperada hora de Tarcísio, no dia 29.
Todos dedicados à blindagem de Bolsonaro, o único condenado no Brasil, como líder de uma organização criminosa, que recebe aliados e cúmplices em fila, como se fosse um santo recebendo romeiros.
O único condenado como líder de uma facção que pode manter, com agenda organizada, conversas com quem pretende blindá-lo depois da condenação pela mais alta Corte do país.
Os amigos, os colegas e a família do delegado Fontes sabem que quase todos os que estiverem no velório são blindados e ligados a essas turmas, uns mais e outros menos, mas com alguma forma de proteção.
O delegado morreu dentro de um Argo, sem proteção alguma, sabendo que protetores e matadores são hoje parte da mesma estrutura de Estado e do setor financeiro.
Fontes foi assassinado pelo crime organizado que age dentro do poder político e econômico. E que estará representado por muita gente ao redor do seu caixão, no velório na Assembleia Legislativa.
- Imagem gerada em IA