(Foto: Ronaldo Schemidt/AFP)

O estranho massacre de Bucha

5 de abril de 2022, 17:15

São muito esquisitas as cenas do suposto massacre russo em Bucha, nos arredores de Kiev. Parece algo montado para escandalizar o mundo. 

QUE EXÉRCITO INVASOR, cioso por limpar sua imagem internacional, deixaria vestígios tão evidentes de sadismo e barbárie? O que ganharia com tal cenário? Por que os assassinatos seriam cometidos na retirada e não na entrada das tropas, quando resistências teriam de ser quebradas? Por que os corpos estão no meio das ruas, quase numa exposição para ser fotografada e filmada?

Isso para não falar da alegação russa de que suas tropas saíram da cidade dia 30, quarta. Os cadáveres apareceram apenas no domingo, vários ainda sem rigor mortis ou vestígios de decomposição. Não há sinais, nas imagens, dos mortos terem sido devorados por animais famintos, apesar de largados a céu aberto por quatro dias.

UM CENÁRIO DESSES, legado pelo exército invasor seria factível apenas se as forças de Moscou fossem comandadas por limítrofes, alienados ou imbecis. Até as milícias cariocas escondem cadáveres e limpam as cenas de seus crimes.

Agora, o mais estranho é a recusa dos EUA, Inglaterra e França a fazer uma investigação séria sobre a tragédia. O que vale é a imagem acrítica em todas as redes e emissoras.

Escrito por:

Professor de Relações Internacionais e membro do corpo docente do Programa de pós-graduação em Ciências Humanas e Sociais (PCHS) da Universidade Federal do ABC (UFABC). É também doutor em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (2006), graduado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (1986) e jornalista. Tem experiência na área de História, com ênfase em América Latina contemporânea, História da imprensa e História do Brasil Império. Tem estudos focados nos temas: relações internacionais, modelos de desenvolvimento e comunicações. É autor de doze livros e organizador de outros três, entre eles A Venezuela que se inventa - poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez (Editora Fundação Perseu Abramo, 2004), A revolução venezuelana (Editora Unesp, 2009), Angelo Agostini, A imprensa ilustrada da Corte à Capital Federal, 1864-1910 (Devir, 2011) - finalista do Prêmio Jabuti 2012, da Câmara Brasileira do Livro, categoria biografia - e Cinco mil dias - O Brasil na era do luliusmo (Boitempo, 2017). Foi bolsista do Programa Nacional de Pesquisas Econômicas (PNPE) no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre 2008 e 2011, e editor da revista Desafios do Desenvolvimento, da mesma instituição, entre 2011 e 2012. Foi chargista de O Estado de S. Paulo entre 1989-1996 e publicou quadrinhos no Brasil, Venezuela, Espanha, Portugal, França e Itália. Realizou coberturas jornalísticas em vários países da América Latina.

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