Lula, Bolsonaro e urna eletrônica (Foto: Ricardo Stuckert | Clauber Cleber Caetano/PR | REUTERS/Amanda Perobelli | Agência Brasil)

Se Lula ganhar, é guerra santa no outro dia. Se perder, acabou-se o Brasil

3 de outubro de 2022, 18:55

Seja no Senado Federal, seja na Câmara dos Deputados, o bolsonarismo sai dessas eleições com a cabeça do país numa bandeja de prata e com uma guilhotina armada para decepar a Democracia. Neste segundo turno, mais que em qualquer outro momento recente da vida brasileira, as forças progressistas, leia-se Luiz Inácio Lula da Silva, precisam ganhar a parada. O risco, do contrário, será um país irremediavelmente mergulhado nas trevas e um destino fantasmagórico a assolar o seu povo.

Festa estranha de gente esquisita, como um dia, profeticamente, cantou Renato Russo. Foi isto que as urnas de 2022 nos legaram. Claro que há exemplos notáveis de esperança e de boa política, representadas por mulheres e homens dignos e valentes que serão de extrema utilidade ao futuro (façamos figa!) Governo Lula. Existe, sim, essa bancada “do bem” – nada a ver com os “homens de bem”, armados, com sangue nos olhos e tão mal cantados pela extrema direita.

Para não ser injusto pelo esquecimento, louve-se, como exemplo, a alvissareira eleição da brava e necessária Luiza Erundina, ex-prefeita de São Paulo e deputada federal a partir de 2023.

Mas, pelo lado do bolsonarismo, vamos combinar, a coisa está muito feia. Suficiente seria citar os 20 de 27 senadores eleitos – dos quais, quatro ministros e um vice-presidente da República – e os mais de 100 deputados federais com o “minto” aliados. Sobre estes, a vontade é não citar nenhum deles, pelo tsunami de nomes tão letais quanto as ondas gigantes. Mas, tal desejo cai por terra por estapafúrdias vitórias como a do General Pazzuelo, de horrenda memória no Ministério da Saúde, em dias tenebrosos de pandemia, de negacionismo e de negociações suspeitas na compra de vacinas.

O que vive hoje o Brasil será, no futuro, motivo de estudos para assustados pesquisadores. Estudarão um país onde viviam boas pessoas, em sua maioria. Mas, um lugar que, de uns tempos em diante (2013.. 2016…), tornou-se berço esplêndido de filhos odientos que enlameavam de sangue o solo pátrio sem que a mãe gentil nada pudesse fazer.

Caminhamos para tempos mais que sombrios. Aterrorizantes. O comportamento do bolsonarista médio impregna de maneira extremamente competente o percentual da população que chama o líder deles de “mito”. É gente  que não aceita que as pessoas cuidem de suas próprias vidas. Uma parcela da população que tem o DNA da homofobia, do preconceito, da misoginia. Um comportamento insano que atinge, em particular, quem não pensa do mesmo modo que essa turba; as mulheres que não aceitam submissão ao homem; os LGBTQIA+ que querem o direito legítimo de amar e de viver; os que defendem e fazem Cultura para todos; as meninas de 10 anos que foram estupradas e querem fazer aborto permitido por lei; os não evangélicos da turma dos pastores milionários; os não armamentistas e que querem a paz.

Há remédio para isso? Claro! Começa por este segundo turno e por uma vitória esmagadora e significativa dos que tem como norte a Democracia e a Constituição de 1988. Esse povo democrata, maioria dos brasileiros, vota em Lula. E Lula ganhando, é guerra santa contra o bolsonarismo, no dia seguinte.

Fora disso, o caos, o arbítrio, a perseguição a níveis inimagináveis. Temos, agora, menos de um mês para decidir o que queremos.

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Escrito por:

Jornalista e compositor, com passagem por veículos como o Jornal do Commercio (PE) e as sucursais de O Globo, Jornal do Brasil e Abril/Veja. Teve colunas no JC, onde foi editor de Política e Informática, além de Gerente Executivo do portal do Sistema JC. Foi comentarista político da TV Globo NE e correspondente da Rádio suíça Internacional no Recife. Pelo JC, ganhou 3 Prêmios Esso. Como publicitário e assessor, atuou em diversas campanhas políticas, desde 1982. Foi secretário municipal de Comunicação. Como escritor tem dois livros publicados: "Bodas de Frevo", com a trajetória do grupo musical Quinteto Violado; e "Onde Está Meu Filho?", em coautoria, com a saga da família de Fernando Santa Cruz, preso e desaparecido político desde 1973. Como compositor tem dois CDs autorais e possui gravações em outros 27 CDs, além de um acervo de mais de 360 canções com mais de 40 músicos parceiros.

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