Vai, Chico, ser Camões no mundo!

21 de abril de 2023, 16:22

Eu sem maquiagem e Carol Proner também. A maquiagem da juventude é natural. 

Carol está em Lisboa, onde seu augusto, augustissimo marido, Chico Buarque de Holanda, vai receber, das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais importante prêmio da língua portuguesa, o consagrador Prêmio Camões. 

Por traz dessa entrega há uma história política, que bem ilustra a era paleolítica a que o Brasil retrocedeu nos seis anos passados (Temer, inclusive): a Idade da Pedra Lascada.

Pelo estatuto do prêmio, seu diploma deveria receber a assinatura do presidente do país do agraciado. O brucutu com a faixa presidencial e com um tacape no lugar do cérebro, que acabara de tomar posse, grunhiu que ele não assinaria nem entregaria nada ao Chico. Este suspirou aliviado e pediu a Carol que jogasse flores de agradecimento a Iemanjá por essa graça alcançada, pois jamais aceitaria receber coisa alguma da pré-neolítica criatura assentada e obrando no trono (aquele mesmo que vocês estão pensando) – preferia esperar a volta do Lula. 

E Lula foi absolvido, saiu da prisão, se elegeu Presidente da República e está em Lisboa, onde entregará o prêmio Camões ao Chico, com sua assinatura.

Quem não acredita em finais felizes pode continuar a não acreditar, porque não se trata de um final, mas de um recomeço. Trata-se do ponteiro do relógio da razão acertando o passo; de uma ampulheta invertida para o recomeço da Era da Plenitude, da Sensibilidade, da Reconstrução do Brasil e das mentes brasileiras.

Vai, Camões de um só olho, consagrar os olhos de ardósia  de quem enxerga o Brasil com as verdes lentes da esperança, combustível que salva, redime e alimenta, desde sempre, as almas brasileiras e as faz fortes para suportarem tanto sofrimento e se reerguerem depois de cada tranco.

Meus cumprimentos ao Chico, pelo prêmio, ao Lula, pela sorte de entregá-lo, e a Carol, pelo seu prestígio com Iemanjá. 

O dia de hoje ser o de Tiradentes tem tudo a ver com essa crônica e minha inspiração. 

Escrito por:

Formação acadêmica: Conservatório Nacional de Teatro 1967-1969, Rio de Janeiro
Jornalista, atriz e diretora do Instituto Zuzu Angel/Casa Zuzu Angel - Museu da Moda. Manteve colunas diárias e semanais, de conteúdos variados (sociedade, comportamento, cultura, política), nos jornais Zero Hora (Porto Alegre), O Globo, Última Hora e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), onde também editou o Caderno H, semanal.
Programas de entrevistas nas TVs Educativa e Globo.
Programas nas rádios Carioca e Paradiso.
Colaborações e/ou colunas nas revistas Amiga, Cartaz, Vogue, Manchete, Status, entre outras publicações).
Atriz de Teatro, televisão e cinema, de 1965 a 1976
Curadoria de Exposições de Moda: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Itau Cultural, Paco Imperial, Casa Julieta de Serpa, Palacio do Itamaraty (Brasilia), Solar do sungai (Salvador).
Curadoria do I Salao do Leitor, Niterói

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