
A Mídia Progressista é fundamental para a democracia
“Oficialmente”, começou ontem, quarta-feira (25/06), a campanha eleitoral de 2026. O palanque do primeiro ataque ao postulante à reeleição não poderia ser outro: o Congresso Nacional. Um espaço onde as esquerdas jamais obtiveram maioria nos cinco mandatos conquistados desde a redemocratização do país.
Mas surpreendeu a muitos a maneira traiçoeira como o presidente da Câmara, Hugo Motta, convocou os deputados, à última hora, para uma votação tão importante ao país. Uma votação sem debates, realizada de forma híbrida — virtual e presencial — em pleno “recesso parlamentar”, por conta das festividades juninas.
Jornalista calejado, conheço bem o jogo pesado das elites financeiras. Tenho certeza de que elas já estão despejando muito dinheiro para tentar retomar o poder que Bolsonaro perdeu nas urnas e não conseguiu recuperar na tentativa golpista de 2022/2023. Dinheiro que garante maioria no Congresso e turbina campanhas eleitorais nos principais Estados do país.
Mas o que mais me preocupa é constatar que após cinco mandatos, os governos petistas não conseguiram — ou não quiseram — abrir caminhos para viabilizar uma mídia progressista. Todas as concessões de rádio e televisão continuam nas mãos de feudos políticos da direita e de empresários lobistas.
A chamada mídia progressista — ou de esquerda — segue relegada a sobreviver com parcos recursos e em plataformas ligadas aos interesses políticos e econômicos do governo dos Estados Unidos.
Nestes dois anos e meio do terceiro mandato do presidente Lula, cá estamos nós, lutando muito para defender o Estado Democrático de Direito, em veículos e sites hospedados no Google. Seguimos firmes, na margem esquerda do espectro midiático digital.
Talvez essa seja a sina da minha geração, que enfrentou a ditadura muitas vezes passando dificuldades financeiras, mas fazendo jornalismo sério, combativo e comprometido com a verdade.
Depois das falsas crises fabricadas pelos “jornalões” em períodos eleitorais — como o “mensalão”, o “petrolão” e a “pedalada fiscal” — vamos para mais um embate contra a mídia corporativa. Agora em duas frentes: os cortes de gastos no orçamento e a CPMI do INSS. Ambas com o objetivo de sangrar o governo Lula, que tem apresentado números pra lá de positivos na economia.
Nesse percurso eleitoral será só fogo em Lula para aumentar sua rejeição. Já seu oponente, o governador de extrema-direita Tarcísio de Freitas, será poupado de todos os erros e retrocessos de seu governo, incensado dia sim e dia também pela grande mídia.
Já estou me preparando para as baixarias e lacrações que teremos pela frente. Mas desta vez preocupado em constatar que muitos dos sites de esquerda que fizeram a diferença ao denunciar a Lava Jato e o golpe que ensejou o impeachment de Dilma, podem simplesmente desaparecer nos próximos anos.
Imagemde reprodução/Facebook