O País afunda e o presidente de férias. E daí?
Este senhor está de férias. Independentemente do caos que toma conta do país que ele finge governar, com mais de 187 mil mortes por uma tragédia sanitária da qual a sua responsabilidade é indiscutível e monstruosa. Este senhor que nega a pandemia da Covid-19 que devasta boa parte da Humanidade, está curtindo a vida adoidada, na bucólica e aprazível praia de São Francisco do Sul, no litoral de Santa Catarina. E daí? O que ele tem a ver isso? Não é coveiro…
Este senhor que ataca a vacina colocando-a como um mal causado pela ideologia – de esquerda, claro! – é o mesmo que fez o País gastar o que tinha e o que não tinha para garantir estoque de cloroquina, sabe-se lá com que propósitos; morais, financeiros, ideológicos ou de compadrio, menos médicos ou científicos. Ele que já avisou que não toma vacina e fez de tudo para boicotar a imunização, a ponto de não ter, até agora, um programa minimamente crível para combater o mal. Quem diz é o Tribunal de Contas da União (TCU).
Este senhor que chama de “marica” e de “bundão” quem teme o Corona vírus e a Covid-19 é exatamente o mesmo que, nesse instante, se esbalda na praia, provoca aglomerações, abraça crianças indefesas e vulneráveis que, por sua vez, levam aos seus idosos – pais, mães, avôs e avós – a tragédia sanitária em forma de contaminação. E o que é que tem? Para ele, vale a liberdade de ir e vir, a vida não é nada…
Este senhor está de férias com dinheiro público, ao contrário dos que têm a desventura de tê-lo como mandatário. Os que se desmantelaram ao confiar num abono emergencial que, como um sonho, durou pouco, três meses; teve mais 3 com a grana pela metade e depois virou um pesadelo. Mais de 14% dos brasileiros estão desempregados. Muitos recebiam o auxílio e 36% desses tinham o dinheiro como única renda. O presente de Natal que o presidente e sua equipe econômica deram a esse universo de desesperados foi a perspectiva de um ano novo sem auxílio, sem dinheiro, sem comida. Sem praia, claro.
Este senhor hoje em agradáveis férias, em meio ao tumulto geral, é aquele que reúne em torno de si uma equipe que supera o inacreditável. Que tem um acusado de crime ambiental no Meio Ambiente; uma criatura de descrédito planetário nas Relações; um militar (não médico) que fica tão à vontade na gestão da Saúde quanto um elefante de olhos vendados em uma loja de louças; um ministro da Justiça que age como advogado do chefe; um ministro da Educação que… (e tem ministro da Educação?); um ministro do Turismo que desafina, menos que sua sanfona, na gestão, a ponto de defender réveillon para “até 300 pessoas” – pandemia? Que pandemia?
O senhor que está de férias e se esbalda numa temporada de pesca é aquele que não preside o Brasil, apenas finge. E o faz baseado nos votos que recebeu de gente que pensa como ele, que nega a ciência, que cultua as armas, que bajula os Estados Unidos, que clama por ditadura, que não está nem aí para o próximo, muito menos para o pobre, e que tem ódio e preconceito como sentimentos que mais lhes tocam o coração.
Esse caldo cultural alimentado por fakenews gerou um governo amalucado apoiado por malucos completos, onde o núcleo do poder não está no Planalto, mas em casa, na família. Mandam e desmandam no País os filhos dele, garotos espertos, envolvidos com amigos suspeitos, lobistas da indústria de armas, peritos em rachadinhas e pródigos em comprar imóveis com dinheiro vivo – não pergunte como.
Este senhor, ao contrário de pode fazer praticamente todo o País, goza de férias. E já não estava, há quase dois anos?