Foto: Reprodução/Youtube

Valdemar foi escalado para arrastar o cadáver de Bolsonaro

10 de abril de 2025, 19:10

O PL mandou avisar que andará pelo Brasil, em caravana, arrastando o cadáver de Bolsonaro. A primeira parada será em Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte. É empreitada para ficar marcada na História da extrema direita mágica. 

Valdemar Costa Neto e ajudantes vão levar Bolsonaro pelo Brasil, em pré-campanha para 2026, começando nessa sexta-feira pelo Nordeste. 

É ali, no reduto do lulismo, que o chefe do golpe deve ser mostrado como ressuscitado, muito mais do que na Avenida Paulista, onde a cena da ressurreição não funcionou direito.

Cidadezinhas nordestinas serão apresentadas a um milagre. Valdemar chega com Bolsonaro, como se morto estivesse, mas o dono do PL o recosta no coreto da praça e ordena: fale.

E Bolsonaro se apruma no corpo mole e fala de improviso para o povo: popcorn and ice cream. Já sem a cola escrita do texto em inglês. Fala como um cadáver bêbado com braços de pano. Não fala em javanês, fala em inglês, para ser ouvido pelo mundo todo.

García Márquez, Manuel Scorza, Jorge Amado, Dias Gomes, Murilo Rubião, Erico Verissimo produziram cenas semelhantes. O que teremos agora não ficará devendo nada ao que eles imaginaram e escreveram.

Uma criatura que perdeu uma eleição e perdeu um golpe e ainda sobe em caminhões, dá entrevistas diárias, faz ameaças ao Supremo e discursa em inglês. 

Mesmo sendo um morto político inelegível e estando a alguns metros da porta da cadeia. Pau dos Ferros nunca viu nada igual. Nem como assombração.

Bolsonaro vai dizer que fez a transposição do São Francisco. Que acabou com a seca no Nordeste no seu governo, mas a seca voltou com Lula. Que no seu tempo nunca faltou ovo.

No mundo mágico da velha direita, Valdemar Costa Neto se vê obrigado a fingir que ressuscita um Bolsonaro sem cor e alquebrado, para que pareça vivo e mandão até perto da eleição.

Vão arrastar Bolsonaro pelo Brasil, até onde der. Não porque o PL deseja, mas para atender a um apelo feito pelo próprio cadáver que eles irão carregar. Como pagamento por favores. 

Como dívida que Bolsonaro irá cobrar até ser preso. Bolsonaro é o zumbi que um dia reabilitou a velha direita sem os tucanos e essa é a conta a ser paga. 

Até que um dia Valdemar fingirá estar distraído na conversa com Tarcísio de Freitas e esquecerá Bolsonaro com a boca aberta no banco da praça de Sorocaba.

Escrito por:

Moisés Mendes é jornalista de Porto Alegre e escreve no blogdomoisesmendes. É autor de ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim). Foi editor de economia, editor especial e colunista de Zero Hora.

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