Luiz Inácio Lula da Silva e Petrobrás (Foto: Ricardo Stuckert | Reuters)

A Petrobrás voltou: começa a cair a PPI

28 de fevereiro de 2023, 17:37

Pelo que foi divulgado, a solução do governo na questão da política de preços da Petrobrás foi bem mais ampla do que o esperado.

Lula decidiu reafirmar o papel social da Petrobrás, preservando parte dos seus lucros bilionários para investimentos, especialmente para a transição energética. Outra parte desse lucro será dirigida para que a empresa cumpra seu papel social, o que embute um câmbio de mentalidade, sendo a mais relevante das decisões.

Porque este item quebra o tabu de que a empresa teria que repassar sempre para o preço ao consumidor eventuais perdas com flutuações de cotação de petróleo e combustíveis no mercado internacional.

Ao menos no plano das políticas, essa decisão já rompe com a tal PPI, a política de paridade com os preços internacionais.

Em resumo, a decisão foi baixar os preços dos derivados. Sobre esses preços foram reativados os impostos federais que estavam suspensos (PIS, Cofins e Cide).

O lucro cai, mas os dividendos servirão também para investimentos na área social, o que inclui compensação de perdas por flutuações internacionais de preços e a transição energética.

A área política do governo pode não ter levado tudo, mas sai com uma vitória: o PPI foi trincado e Lula pode dizer que deu prioridade à população em vez de continuar  beneficiando investidores com dividendos estratosféricos.

Isso sem falar das notícias de uma criação de um imposto sobre  exportação de petróleo cru que também seria usado para repor perdas de receita.

Mais uma vez, Lula, e também Haddad, descobriram espaços onde não parecia haver.

Com a decisão de hoje, começaram a demolir a PPI provocando uma fissura que pode abrir um boqueirão.

Escrito por:

Jornalista, diretor da Casa do Saber, ex-secretário de Redação e ex-ombudman da Folha, ex-ombudsman da Folha e do iG. Knight Fellow da Universidade de Stanford. Doutor em Letras Clássicas pela USP

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