Janja Lula com três peças de seda pura de Helô Rocha, com bordados em palha, pelas bordadeiras de Timbaúba, e Lu Alckmin com vestido off-White, de Glória Coelho, bainha altura midi, mangas em pétalas, efeito de meia-capa. (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)

A moda brasileira também tomou posse com Lula e Alckmin

2 de janeiro de 2023, 06:57

Na fase trevosa que viveu o país, eu me concentrei no embate político, deixando na sombra minha atividade na moda. Formei-me gente num ateliê de criação de moda, o que, em 1993, possibilitou/me fundar a primeira ONG de moda no país, o Instituto Zuzu Angel, e, no ano seguinte, a Academia Brasileira da Moda, que presido. 

Durante alguns anos coordenei a eleição dos Mais Bem Vestidos do Brasil, sob a égide de Eleanor Lambert, coordenadora da Eleição dos Mais Bem Vestidos do Mundo, hoje realizada pela revista Vanity Fair. 

Estrada longa, que me levou a dirigir a primeira instituição museológica de moda no Rio de Janeiro, Casa Zuzu Angel/Museu da Moda, reunindo importante acervo. 

Tudo isso para dizer da minha experiência para comentar os figurinos da primeira-dama e da vice primeira-dama na posse do Governo Lula/Alckmin, hoje.

Janja Lula ousou um três peças muito bonitas, com pegada brasileira, casaco, colete, calças. Fosse peça única, um vestido, ela talvez ganhasse maior agilidade de movimentos dos braços para acenar ao povo. O tailleur sobre colete, com basque na cintura, terminando em aba ondulada nas costas, adicionou volume à silhueta feminina curvilínea de Janja, padrão cada vez mais raro – sorte dela – nessa era das musculosas e retilíneas das academias. 

A cor dourada, em harmonia com seu tom de pele, foi um grande acerto, assim como ocorreu com Lu Alckmin, a quem o branco favoreceu a pele e os cabelos escuros. 

A moda é um jogo de formas e cores, que pode trabalhar a favor de quem a veste. 

Louve-se a preocupação demonstrada por Janja de, nas grandes ocasiões, como foi no casamento, valorizar a cultura brasileira através da moda. 

Essa luta conheço, pois foi proposta pioneira de minha mãe, Zuzu Angel, que lançou a ‘moda brasileira com legitimidade’, valorizando com seu trabalho nossas raizes. Foi dura a batalha contra a moda colonizada de então. Hoje, ela ficaria feliz por ver o esforço da primeira-dama para consagrar sua proposta.

Obrigada, Janja, por seu empenho pela moda brasileira e seus legítimos criadores.

E quando Janja e Lu vierem ao Rio terei prazer em recebê-las no Museu Zuzu Angel.

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Escrito por:

Formação acadêmica: Conservatório Nacional de Teatro 1967-1969, Rio de Janeiro
Jornalista, atriz e diretora do Instituto Zuzu Angel/Casa Zuzu Angel - Museu da Moda. Manteve colunas diárias e semanais, de conteúdos variados (sociedade, comportamento, cultura, política), nos jornais Zero Hora (Porto Alegre), O Globo, Última Hora e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), onde também editou o Caderno H, semanal.
Programas de entrevistas nas TVs Educativa e Globo.
Programas nas rádios Carioca e Paradiso.
Colaborações e/ou colunas nas revistas Amiga, Cartaz, Vogue, Manchete, Status, entre outras publicações).
Atriz de Teatro, televisão e cinema, de 1965 a 1976
Curadoria de Exposições de Moda: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Itau Cultural, Paco Imperial, Casa Julieta de Serpa, Palacio do Itamaraty (Brasilia), Solar do sungai (Salvador).
Curadoria do I Salao do Leitor, Niterói

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