Foto: MAHMUD HAMS / AFP

Fala de Lula desperta almas adormecidas

20 de fevereiro de 2024, 10:35

Agora, apressam-se a se manifestar aqueles que se calaram, não lamentaram, não se afligiram e solenemente ignoraram o massacre vergonhoso, que se desenrola em Gaza. Eles ressuscitam de um sono que nos parecia eterno, levantam-se de seu conforto e, para surpresa geral, falam! Alguns, com certa dificuldade, dado ao mau estado de suas cascas craquelê.

Os iluminados, melhor dizer, os Illuminati de ocasião dão-se ares eruditos, diante de câmeras e microfones globais, para proferir aulas e recriminar Lula, cujo único e principal delito foi ser humano, num contexto de olhos gelados e gargantas mudas mesmo ante as toneladas de perversidades cometidas por Israel em Gaza. São vídeos, fotos, áudios, depoimentos, que nos trazem à mente o crime definido como “genocidio” por ocasião do primeiro deles no século XX, em 1915, contra os armênios, anterior ao empreendido por Hitler, contra os judeus.

Somos agora, no século XXI, testemunhas em tempo real do terceiro genocidio assim definido ao pé da letra da lei: “prática de atos intencionais destinados à destruição, total ou parcial, de um grupo nacional, étnico, racial ou religioso”. Sim, como bem denunciou a África do Sul, uma limpeza étnica está em ação em Gaza. Entre mortos e feridos, a conta já é de 100 mil. São cerca de 30 mil mortos, 13 mil deles, crianças. E mais de 60 mil feridos. Sem falar nos ‘não encontrados’ sob os escombros ou os que simplesmente viraram pó, misturados à poeira do fósforo branco. Isso, em menos de cinco meses.

Comparar a contagem dos mortos, contabilizar sofrimentos profundos é de uma crueldade inimaginável. Considerar sua dor superior às de outros, que também sofreram e sofrem, é de uma arrogância asquerosa. Lula falou o que lhe vai na alma, e também nas nossas. Os apressados de agora em mostrar sabedoria, que procurem exibir alguma humanidade. Isso cairia muito bem em suas almas. Daria algum viço ao craquelê.

Escrito por:

Formação acadêmica: Conservatório Nacional de Teatro 1967-1969, Rio de Janeiro
Jornalista, atriz e diretora do Instituto Zuzu Angel/Casa Zuzu Angel - Museu da Moda. Manteve colunas diárias e semanais, de conteúdos variados (sociedade, comportamento, cultura, política), nos jornais Zero Hora (Porto Alegre), O Globo, Última Hora e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), onde também editou o Caderno H, semanal.
Programas de entrevistas nas TVs Educativa e Globo.
Programas nas rádios Carioca e Paradiso.
Colaborações e/ou colunas nas revistas Amiga, Cartaz, Vogue, Manchete, Status, entre outras publicações).
Atriz de Teatro, televisão e cinema, de 1965 a 1976
Curadoria de Exposições de Moda: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Itau Cultural, Paco Imperial, Casa Julieta de Serpa, Palacio do Itamaraty (Brasilia), Solar do sungai (Salvador).
Curadoria do I Salao do Leitor, Niterói

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