Ex-presidente Lula em Brasília (Foto: Ricardo Stuckert)

Lula terá que fazer concessões ao centro

3 de outubro de 2022, 11:00

O ex-presidente Lula precisa apenas de dois pontos percentuais para ganhar no primeiro turno. Embora a diferença de cinco pontos para Jair Bolsonaro seja curta, o petista é o favorito, dada a rejeição do presidente e a forte possibilidade de sua coligação obter os apoios do PDT de Ciro Gomes e do MDB de Simone Tebet. A soma de ambos no primeiro turno alcança sete pontos percentuais, e não será difícil transferir dois.  

Uma coisa fica clara, porém: Lula terá que fazer alianças ao centro, e não apenas para vencer a eleição, mas principalmente para governar, se isso vier a ocorrer. A onda bolsonarista que varreu o Congresso deixou as forças de esquerda francamente minoritárias nas duas Casas.

Sua coligação fez em torno de 125  deputados, contra 187 do Centrão (PL,PP, Republicanos) e 173 do chamado centro-não centrão, que reúne PDS, União, MDB, PSDB e outros menores. No Senado, a direita tem agora 41 dos 81 senadores. É com esse centro não-centrão que Lula deve conversar, e já na campanha de segundo turno, visando também a alianças futuras se ganhar a eleição.

Integrantes da campanha não querem botar o carro à frente dos bois e dizem que, antes de pensar em governar, é preciso ganhar a eleição – no caso, com um Bolsonaro fortalecido nos calcanhares. As conversas com Simone Tebet e com o PDT devem ocorrer nos próximos dias, mas o roteiro inclui outros partidos mais à direita, como o PSD de Gilberto Kassab, e setores da sociedade.

Alianças políticas, porém, pressupõem concessões – e Lula chegou até aqui com pouquíssimas. Agora, vai ter que abrir aos empresários e ao mercado pontos mais detalhados de seu projeto econômico, que vai ter que caminhar ao centro propondo logo, por exemplo, a nova âncora fiscal. Terá que conversar com Simone Tebet e, quem sabe, Michel Temer – a quem chamou de golpista no último debate – sobre reforma trabalhista e teto de gastos. E por aí vai…

A chance de Lula ganhar a eleição ainda é grande, mas a de montar um governo mais à esquerda parece ter sido muito reduzida – ainda que o investimento no social e na geração de empregos seja o ponto inegociável de todas essas conversas. 

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