O bolsonarismo é a estupidez no estado da arte

30 de junho de 2021, 16:43

Escancararam a corrupção e a boiada está passando. Com a segunda e (cada vez mais) grave denúncia de falcatrua financeira no escândalo da Covaxin, a máscara de honestidade e incorruptibilidade do presidente da República se contamina de vez. Nunca foi algo pelo qual se pusesse a mão no fogo, tudo bem. É mais uma evidência de que o bolsonarismo flertava com a desonestidade e o desapreço à decência. Mas, roubar, armar esquema e cobrar propina em cima de uma tragédia colossal como a pandemia da Covid-19, aí já é crime hediondo contra uma humanidade da qual, muito provavelmente, esse grupo não faz part

Eleito à luz da mentira, do discurso de ódio e das notícias falsas, Jair Bolsonaro chegou ao comando do país sem a menor adequação para o cargo. Não tinha, como não tem cada vez mais, as condições políticas, intelectuais e morais para ser presidente de qualquer republiqueta, muito menos de um país continental e politicamente complexo como o Brasil. Mas, não enganou ninguém, sejamos justos. Sempre disse a que se propunha. E propunha dar o que tinha de pior.

Desde a campanha de 2018 que o candidato “anti-Lula” anunciava o caos e o terror que seria um governo seu. Prometeu perseguir oposicionistas, atirar contra adversários, distribuir arma de fogo a mancheias entre seus apoiadores visando sabia-se lá o que (hoje se sabe), inflar o governo de militares e de calhordas de vários matizes e crenças religiosas, acabar com a fiscalização ambiental, destruir o ensino através da ideologia de extrema direita, aprofundar a agressão aos direitos humanos, à imprensa e a quem não tem na testa o carimbo de “gado”.

Mas, o discurso anticorrupção estava lá, como atrativo, sobretudo, para os liberais de direita que espumam uma neutralidade que não existe. Já se disse que os tais “isentos”, ou “isentões”, são os piores dos criminosos, pois trazem na mochila não apenas a sua culpa, como mas, como plus, a covardia da omissão. Acreditar na futura conduta ilibada e sem mácula do então candidato Bolsonaro, só estando embalado pela má-fé ou pela covardia. Dois traços de personalidade deploráveis.

O bolsonarismo traduz o que de pior já se juntou numa mesma tendência política. Da ideologia atrasada à violência explícita dos seus quadros e dos seus simpatizantes. Do seu permanente estado de golpe, contra a democracia e contra o bom senso, até a corrupção que, agora, se junta abertamente ao seu prontuário. É a estupidez em seu nível mais avançado. O estado da arte da estultice e da quebra de condições mínimas de convivência democrática. Daí ser tão difícil dialogar com os bolsonaristas, a começar pelo seu “mito”, para quem este verbo não existe. A saída é o seu afastamento do poder, de imediato. A única, hoje, para o Brasil.

Escrito por:

Jornalista e compositor, com passagem por veículos como o Jornal do Commercio (PE) e as sucursais de O Globo, Jornal do Brasil e Abril/Veja. Teve colunas no JC, onde foi editor de Política e Informática, além de Gerente Executivo do portal do Sistema JC. Foi comentarista político da TV Globo NE e correspondente da Rádio suíça Internacional no Recife. Pelo JC, ganhou 3 Prêmios Esso. Como publicitário e assessor, atuou em diversas campanhas políticas, desde 1982. Foi secretário municipal de Comunicação. Como escritor tem dois livros publicados: "Bodas de Frevo", com a trajetória do grupo musical Quinteto Violado; e "Onde Está Meu Filho?", em coautoria, com a saga da família de Fernando Santa Cruz, preso e desaparecido político desde 1973. Como compositor tem dois CDs autorais e possui gravações em outros 27 CDs, além de um acervo de mais de 360 canções com mais de 40 músicos parceiros.

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