Um país patético à beira do abismo

12 de dezembro de 2020, 19:40

Os números são, na melhor das hipóteses, aterrorizantes.

Estrondosamente aterrorizantes.

No sábado, dia 12, o total de mortos pela Covid superou a casa dos 182 mil. O de contaminados se aproxima rapidamente aos seis milhões e 900 mil. São números trágicos, e que não param de crescer.

Nos últimos dias, se manteve – a cada 24 horas – um total superior a 50 mil infectados. Mais de dois mil por hora. Uns 35 por minuto. Mais de dois por segundo.  

E diante desse quadro, o que faz o governo do Aprendiz de Genocida?

Uma sequência formidável de confusões, deixando mais do que claro que o general que ocupa o ministério da Saúde não vale o que a sola de sua botina volta e meia pisa, se é que me entendem.

Em menos de duas semanas essa figura patética anunciou cinco iniciativas diferentes e contraditórias. Gaguejou, depois quis mostrar macheza, e não fez mais que deixar clara a sua olímpica estupidez.

Não explicou, por exemplo, como pretende conseguir as mais de 400 milhões de seringas com suas correspondentes agulhar para vacinar os 212 milhões de brasileiros.  

E esse detalhe é só um da pirâmide que mostra como Eduardo Pazuello, essa bizarra figura, consegue puxar a imagem das Forças Armadas – afinal, ele é um general da ativa – para o chiqueiro que é esse governo.

Inventou que agora mesmo, em dezembro, talvez janeiro, chegariam toneladas de vacinas da Pfizer.

Foi cruelmente desmentido pela farmacêutica, que informou que em agosto mandou uma proposta de compra de imunizantes e que nunca teve resposta.

Sobram exemplos da inércia, da ineficácia, da criminosa irresponsabilidade do governo do Aprendiz de Genocida.

Sobram, e todos e cada um deles são trágicos.

E enquanto isso, o que faz o Ogro Sanguinário?

Pois deixa mais e mais evidente que, entre as suas preocupações, três ocupam espaço especial.

A primeira: manter viva a campanha eleitoral para um hipotético 2022. Por isso viaja sem parar, de preferência visitando bases militares. Logo ele, que foi expelido do Exército, não perde oportunidade de demonstrar sua proximidade com as Forças Armadas. E que se o seu governo não é militar, é militarizado, graças às sinecuras distribuídas a granel entre fardados e empijamados.

A segunda: manter um discurso dirigido diretamente à boiada de seus acéfalos seguidores incondicionais. Exemplo: anunciar, no mesmo dia em que se chegou aos 180 mil mortos pelo corona, que liberou de impostos a importação de revólveres e pistolas. E as vacinas?

A terceira: o esforço ilimitado para proteger os filhos envolvidos em um sem-fim de falcatruas.

Que, aliás, também poderão envolve-lo diretamente, bem como a vistosa figurinha de sua esposa, que aceita sorridente depósitos injustificados em sua conta bancária.

Agora, se sabe que dentro da própria ABIN, a Agência Brasileira de Inteligência, hierarquicamente submetida a essa figura bizarra chamada Augusto Heleno, um reacionário desenfreado, foi criado um esquema para proteger Carlos e Flavio, envolvidos até a medula em desvio de dinheiro público e em uma organização criminosa.

O Ogro vive desfraldando aos quatro ventos a mentira de que em seu governo não há corrupção. Há, e muita.

Ela, aliás, começa em sua própria casa, em sua própria família.

Essa nova revelação poderá apertar o laço em volta de seu esganiçado pescoço. Assim vive este pobre país.

Neste domingo, 13 de dezembro, se cumprem 52 anos da decretação do Ato Institucional Número 5, o famigerado AI-5, auge da sangrenta ditadura que o Aprendiz de Genocida diz que não aconteceu.

Tomara que ele não queira aproveitar para celebrar a data baixando alguma outra medida assassina.

Tomara.

Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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