Apoiadores de Jair Bolsonaro bloqueiam parcialmente a rodovia Castelo Branco durante protesto pela derrota na eleição presidencial, em Barueri, Brasil. 2 de novembro de 2022 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

Caminhoneiros e patriotas acampados foram traídos pelos golpistas milionários

13 de novembro de 2022, 11:49

Cumpre-se o que estava previsto desde o começo das arruaças golpistas. Não há patriotas com grife nas ruas e estradas. Eles são os incitadores. Mas estão saltando fora e abandonando seus soldados.

Médios e pequenos empresários, empurrados para atos golpistas por líderes nacionais do bolsonarismo, desafiam as leis, a Constituição e o TSE nas ruas sem que seus líderes milionários estejam por perto.

Tios e tias do zap acampados diante de quartéis foram abandonados pelos chefões que fizeram os chamamentos e custearam as aglomerações.

Incitadores e financiadores dos atos pela ditadura, muitos já identificados pela Polícia Rodoviária Federal e pelo Ministério Público, não mostram a cara nas ruas e agora se declaram democratas.

Quem ainda está na frente dos quartéis tem o direito de se sentir traído pelos incendiários que decidiram seguir. 

Alguns desses ricaços gravaram vídeos ou foram flagrados fazendo discursos inflamados em locais públicos. Pregaram a desobediência e desafiaram o TSE.

Os grandões empurraram os pequenos e ficaram olhando de longe. As manifestações seriam legítimas e democráticas, como dizem os militares, mas os chefões não aparecem.

Alguns deles já deram declarações dizendo que não têm relação nenhuma com as aglomerações. Que seus seguidores e funcionários participaram dos atos voluntariamente.

Mas há provas gravadas de que os patriotas foram incitados por gente com poder econômico e político e com a proteção da extrema direita no poder.

Os patriotas que insistem em continuar nas estradas e diante dos quartéis sabem do que se trata. Eles são vítimas da debandada dos covardes. 

Patriotas milionários e políticos que incitaram as manifestações deveriam estar diante dos quartéis. Os filhos de Bolsonaro deveriam dar o exemplo.

Mas, além de abandonar os tios de verde e amarelo, os grandões podem escapar de novo, mesmo que tenham sido denunciados por coação de empregados, incitação e financiamento da baderna.

Poderosos nunca foram punidos por assédio eleitoral, abuso de poder econômico ou financiamento das milícias de fake news. 

A culpa por bloqueios e acampamentos está no colo de patriotas sem sobrenome, empurrados para uma aventura e largados nas ruas e estradas.

Os tios acampados carregam nas costas as bandeiras do Brasil e também os milionários que debandaram. Os soldados do bolsonarismo foram traídos.

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Escrito por:

Moisés Mendes é jornalista de Porto Alegre e escreve no blogdomoisesmendes. É autor de ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim). Foi editor de economia, editor especial e colunista de Zero Hora.

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