Ciro Gomes (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

Ciro Gomes, até quando?

24 de maio de 2022, 14:17

Confesso que não entendo qual será o verdadeiro objetivo de Ciro Gomes ao atacar tanto Lula e o PT. Além de municiar amplamente as hostes de Jair Messias, o que mais ele pretende?

Quando o ator e escritor Gregório Duvivier (ele é muito mais que comediante) incentiva os eleitores de Ciro a votar diretamente em Lula, a resposta é um desafio para um debate. E quando Duvivier aceita o convite, o que vimos foi um Ciro desequilibrado e agressivo, interrompendo de maneira incessante o convidado e mentindo escandalosamente sobre Lula, o candidato favorito nas pesquisas eleitorais.

Isso não impede, porém, que eu – como aliás muita gente – respeite boa parte de suas propostas, especialmente no campo da economia e de políticas sociais dirigidas aos abandonados de sempre e que, com Jair Messias na presidência, mais que abandonados passaram à situação de massacrados.

 O egocentrismo de Ciro, somado ao seu destempero que com alta frequência descamba para o mais puro desequilíbrio, tornam inviável qualquer diálogo tanto com a esquerda como com a chamada centro-esquerda. Quer dialogar com quem? Jair Messias? 

As chances reais de sua candidatura crescer a ponto de se tornar viável um segundo turno entre ele e Lula ou ele e Jair Messias são exatamente as mesmas de que eu amanheça na quinta-feira transformado em técnico do Fluminense. Ou de ser chamado hoje mesmo pelo Walter Carvalho para integrar o elenco de “Pantanal”.

 Será que só ele não vê isso? Será que o PDT (coitado do Leonal Brizola se visse o que fizeram e fazem do partido criado por ele e gente da estirpe de Darcy Ribeiro, Cibilis Viana e companhia) não tem claro o cenário cada vez mais estrangulador que ronda seu candidato a presidente? Será que alguém no partido vê alguma lógica nas andanças e nas declarações cada vez mais escalafobéticas de Ciro Gomes? 

Pelo que estamos vendo, não há chance de mudança em seu comportamento mais e mais descontrolado.

Ciro Gomes perdeu completamente qualquer vestígio de respeito da minha parte quando, em 2018, foi se esconder em Paris. É impossível dizer se uma adesão dele à campanha de Fernando Haddad no segundo turno seria suficiente para virar o jogo eleitoral. Mas certamente seria uma atitude digna. E não houve decência alguma naquela fuga absurda e abjeta.

Cabe então a cada um de nós seguir o que Gregório Duvivier pediu: que os que ainda pensam em votar em Ciro Gomes entendam a importância de tentar – ao menos tentar – eleger Lula no primeiro turno e enterrar de vez a era de trevas que desabou sobre este país desgraçado desde a chegada do Genocida ao poder.

Do Ciro Gomes de hoje pode-se esperar qualquer coisa. Qualquer coisa, menos coisa boa.

Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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