Direito à vingança
A mídia exumou o cadáver político de Ciro Gomes para impor à personalidade de Lula uma natureza vingativa que ele não possui e que, sempre que pôde, fez questão de neutralizar na militância petista, nos aliados e nos eleitores.
Infelizmente.
“Tomado de ódio, tudo o que o domina hoje é a vontade de se vingar”, escreveu Ciro, ferido, ressentido e humilhado, ao se negar a apoiar Lula, no segundo turno da campanha presidencial de 2022. Ninguém deu bola. Ciro era só um desesperado. De repente, voltou a ser útil, quem diria.
Trata-se de fake news, repito, infelizmente, porque defendo em todas as minhas tribunas, desde sempre, que deve todo povo oprimido, principalmente o do Brasil, ter direito à vingança.
E para isso é preciso ter coragem e disposição política de ocupar os aparelhos ideológicos do Estado, de modo a fazer as instituições funcionarem a favor dos trabalhadores. As polícias, o Judiciário, o Ministério Público, a comunicação pública, o Banco Central, as Forças Armadas.
Essa fé inabalável na Justiça e nos moinhos de triturar vidas do Estado burguês tem conduzido o País ao abismo, sob condução de moros e dallagnois, ancorados na hipocrisia amplamente compartilhada de que a lei é para todos.
A mim, está claro que Lula sempre quis vingança. Deixou isso escapar na entrevista ao Brasil 247, quando, preso injustamente por um juiz parcial, confessou o desejo de foder Sergio Moro. Ele e torcida do Bahia. Toda pessoa decente, neste País, já pensou em foder Sergio Moro. Indecentes, também. Bolsonaro, inclusive.
Trata-se de uma figura repulsiva, física e moralmente, que só se mantém em evidência porque, também infelizmente, esse é um país de canalhas.
Tivesse escolhido ser Fidel, e não Mandela, Lula não teria que, em plena reconstrução de uma terra arrasada, bater boca com esses ratos da extrema-direita.