Lula e Janja (Foto: Ricardo Stuckert)

O casamento de Lula e o ovo da serpente

17 de maio de 2022, 18:38

Eu se fosse o Lula não me casava antes da posse. Ou melhor, até casava, mas, discretamente, apenas com padrinhos e filhos presentes, ninguém mais. Um casamento à la Chico Buarque. E só festejava depois da posse, caso festejasse. 

Motivos não faltam para cautela. Nesse atual contexto de terra arrasada, penúria e desolação  até a mais legítima felicidade destoa. O “Brasil será feliz de novo” e “Sem medo de ser feliz” são slogans que inspiram um tempo futuro, e que para nós se concretizará somente após as urnas, com Lula eleito, e no primeiro turno.  

Exposição de alegria pressupõe um quê de abstração, enquanto o estado de espírito do brasileiro é de apreensão, ansiedade por se livrar do desgoverno do crime, da fome, da maldade, e dos quadrilheiros do poder. Malta de salteadores.  

Como ser feliz, quando se faz a contagem regressiva para o fim do cumprimento dessa pena pesada, que é ter Jair Bolsonaro como Presidente da República do Brasil?   

Felicidade só combina com Fome na primeira consoante. Fome combina com Fake News, Falsidade, Falência, Fraude, Fanatismo, Facção, Fascismo, Flagelo, Falcatrua e, por fim, as palavras Fúnebre e Fatal, para combinar com as 700 mil mortes causadas em grande parte pelo bando quadrilheiro que transformou o Planalto em Fosso Fétido – as palavras com F andam em par com esse governo.

O amor de Janja e Lula é envolvente e inspirador. Abençoados sejam, e que uma artilharia de cupidos munidos de arco e flecha se mantenha a postos para rebater as insídias e especulações insólitas, cujo único objetivo é enfraquecer Lula e infectar as defesas de nossa democracia.

Lula, mais do que um homem apaixonado, é a paixão da maioria dos corações brasileiros já cansados de palpitar acelerado e sangrar com os sustos diários das infâmias produzidas pela máquina de destruição, que nos aniquila ao longo de mais de três anos e meio.  

Estamos pisando sobre cascas frágeis de ovos de serpentes ardilosas, que não pensam em nosso povo, pensam no Bolso. Delas.  

Festejaremos a felicidade do futuro primeiro-casal, nas praças, ruas e avenidas do Brasil inteiro, todos nós, o povo brasileiro, na noite de 2 de outubro, assim que houver o resultado final das urnas eletrônicas.  

Aí o Brasil será feliz de novo, aí não teremos medo da felicidade.

No presente momento temos medo, imenso medo de ser feliz e entornar o caldo de nossas esperanças de um futuro democrático.

Escrito por:

Formação acadêmica: Conservatório Nacional de Teatro 1967-1969, Rio de Janeiro
Jornalista, atriz e diretora do Instituto Zuzu Angel/Casa Zuzu Angel - Museu da Moda. Manteve colunas diárias e semanais, de conteúdos variados (sociedade, comportamento, cultura, política), nos jornais Zero Hora (Porto Alegre), O Globo, Última Hora e Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), onde também editou o Caderno H, semanal.
Programas de entrevistas nas TVs Educativa e Globo.
Programas nas rádios Carioca e Paradiso.
Colaborações e/ou colunas nas revistas Amiga, Cartaz, Vogue, Manchete, Status, entre outras publicações).
Atriz de Teatro, televisão e cinema, de 1965 a 1976
Curadoria de Exposições de Moda: Museu Nacional de Belas Artes, Museu Histórico Nacional, Itau Cultural, Paco Imperial, Casa Julieta de Serpa, Palacio do Itamaraty (Brasilia), Solar do sungai (Salvador).
Curadoria do I Salao do Leitor, Niterói

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