(Foto: ABr)

O que vem por aí? Mourão?

29 de junho de 2021, 13:47

O rumor, na verdade, não é novo. Ouvi pela primeira há um par de meses: do jeito que tudo desandou neste país, a começar pela fúria cada vez mais descontrolada de Jair Messias e passando pela volta de Lula ao cenário eleitoral, estaria sendo tramada, com o necessário apoio da alta cúpula dos fardados, a entrada de Hamilton Mourão no gabinete presidencial.

A Jair Messias restaria a porta dos fundos. Mourão trataria de instalar um “gabinete de notáveis”, a exemplo do que tentou Collor de Melo quando começou a naufragar, e oferecer ao país ares de mudança. Caberia a esse “gabinete” melhorar a imagem do governo, a ponto de abrir espaço para uma candidatura alternativa à de Lula, e com Jair Messias devidamente descartado da corrida eleitoral. Se há lógica nesse raciocínio, não há ou não havia, ao menos até agora, base com um mínimo de solidez para levá-lo a sério. Um rumor a mais, pois.

Afinal, não podemos esquecer que justamente a alta cúpula dos fardados, junto com um grosso punhado de empijamados, foram essenciais para que um juizeco provinciano cometesse as aberrações que cometeu, mandando Lula para a cadeia e impedindo que ele fosse candidato em 2018. Além, claro, do comportamento poltrão do Supremo Tribunal Federal, que engoliu a própria decência e se curvou à humilhação.

E menos ainda esquecer que fardados e empijamados estão espalhados pelo pior governo da história da República, cúmplices do genocídio devastador imposto pelo psicopata presidencial. 

Acontece que, a olhos vistos, Jair Messias perde apoio. Literalmente vem derretendo, e não só na opinião pública e no eleitorado: também nos meios que mandam neste país, até mesmo por parte dos donos do dinheiro. Há, é verdade, núcleos que continuam apoiando o mandatário, como o agronegócio e os grandes manipuladores da especulação financeira.

Mas não se pode esquecer que até entre os endinheirados as críticas ao governo crescem, ao mesmo tempo em que Lula ganha trânsito e, em alguns casos, exaltação. 

Exemplo dessa mudança foram as declarações de André Lara Resende no programa “Roda Viva”, da TV Cultura. Ele chegou a enaltecer Lula.

É importante lembrar que tanto o programa como o ex-presidente do BNDES podem ser chamados de uma série de nomes, menos de esquerdistas ou até mesmo progressistas.

Agora, entramos todos num novo e especialmente grave período, a partir das denúncias de um deputado bolsonarista e seu irmão, funcionário público do ministério da Saúde, contra um delinquente chamado Ricardo Barros e seu encobridor-mor, o próprio Jair Messias.

É impossível prever onde essa estrada irá chegar. Pode até ser que em lugar algum, mas o desgaste do governo e do mandatário, que já é muito, será ainda mais imenso. 

E é justamente diante desse novo cenário que surgem declarações positivas com relação a Lula, e o tal rumor pode começar a ganhar peso e consistência. Afinal, para os fardados e empijamados Lula e o PT continuam a ser inimigos, graças à Comissão da Verdade e suas revelações, mas não há como continuar sustentando o governo.

Do outro lado, ninguém, a não ser um grupelho fanatizado e radical, aguenta mais o desequilíbrio irremediável de Jair Messias, que só faz piorar mais e mais sua conduta e suas aberrações.

Entre um quadro e outro, haverá espaço para Mourão?

Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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