Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)

Quem de verdade ganhou no domingo?

3 de outubro de 2022, 18:30

Lula, é claro, foi vencedor: faltou o tal tiquinho para levar no primeiro turno, e continua sendo o franco favorito para o segundo.

Jair Messias também ganhou: teve mais votos do que as pesquisas haviam previsto, graças à adesão, na ultimíssima hora, de eleitores de Ciro Gomes que, ao enterrar o que restava de sua carreira política, bandeou parte de seus votantes para o pior e mais abjeto presidente da história.

Simone Tebet, por sua vez, também ganhou. Não em número de votos, mas em uma projeção que não tinha nem de longe junto ao eleitorado.  

Aliás, Ciro Gomes foi um dos grandes derrotados, graças à obesidade do seu ego e à gigantice do seu ressentimento.

A maior derrota, em todo caso, foi a da direita, aquela dos conservadores e também dos liberais.

E, por tabela, a maior vitória foi exatamente a da extrema direita, dos radicais do reacionarismo mais profundo, e instalou-se no Brasil aquele mal que levará anos para ser corroído e exigirá esforços olímpicos para ser controlado: o bolsonarismo. 

O país elegeu um Congresso coalhado de aberrações, e será extremamente difícil Lula governar. Muito mais que negociar, ele terá que inventar, sabe-se lá como, mil maneiras de não ceder em pontos cruciais.

Nomes de imensa importância não conseguiram votos suficientes. E em seu lugar entraram figuras grotescas, reforçando a imagem de avanço da direita mais extrema e boçal, ou seja, o bolsonarismo.

Que Eduardo Pazuello, o aprendiz de Genocida, tenha sido o segundo deputado federal mais votado do Rio, e que Damares Alves tenha ganho com grande folga a vaga ao Senado por Brasília, que São Paulo tenha mandado para a Câmara de Deputados bestialidades como Ricardo Salles e Mario Frias refletem o grau de profundíssima degradação a que chegamos.

Não creio que haja espaço para discussão: a direita tradicional escafedeu-se, resumida a migalhas.

E a direita mais extrema e perversa, o bolsonarismo, surgiu como segunda força política neste país destroçado.

É preciso reconhecer esse fenômeno amargo e perigosíssimo, e aprender a enfrentá-lo de maneira eficiente e, principalmente, segura.

Como, ninguém sabe – ao menos ninguém que eu conheça. Eleger Lula é um caminho evidente. O problema, porém, é outro, e repito a dúvida: como enfrentar esse pantanal nefasto de maneira eficiente e segura?

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Escrito por:

Eric Nepomuceno é jornalista e escritor

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