Só um bom projeto, um ebó, um banho de cheiro e um bom defumador darão jeito na Educação

20 de julho de 2020, 18:16

São as trapaças da sorte… Estamos desde o início do governo patinando no setor mais importante e estratégico no presente e no futuro de um país. Claro que estamos falando de Educação, para o qual Bolsonaro nunca teve plano algum, como de resto, nenhum projeto para o país. Eis que, agora, três ministros depois – se é que podemos chamar aqueles três senhores que por lá passaram, de ministros – e o que chega se declara contaminado por Covid-19. Nada a estranhar. Nada nestas mãos para a Educação e nada nesta, para a Saúde, em tempos de pandemia, e o inusitado (frente ao descuido absoluto do chefe), é que todos ao seu redor não estejam contaminados. Sim. Mal chegou e o atual, ministro Milton Ribeiro foi infectado pelo coronavírus.

Isto, em um dia em que está em discussão, no Congresso, o destino do Fundeb (Fundo para a Educação) sem o qual o setor sucumbe sem verbas para consertar até os telhados das escolas. Para agravar, o ministro da Economia, Paulo Guedes – sempre ele – tenta arrancar um naco considerável da verba destinada à rede escolar de todo o país, para um programa eleitoreiro, com vistas à 2022.

Texto sobre o Fundeb que está hoje pronto para votação na Câmara amplia a complementação adicional da União, ao fundo, de 10% para 20%. Em contraproposta entregue aos parlamentares o governo tenta destinar esse aumento para o Renda Brasil. Um “arranjo” que Guedes descobriu, para fazer crescer a popularidade de Bolsonaro. Desde o dia 2 de janeiro de 2019, ele só pensa e faz mesuras para permanecer no cargo. O Fundeb seria ampliado para 15% de maneira gradativa, e os 5% restantes iriam para o novo programa social. Se é que se pode dar este nome ao monstrengo.

O que o ministro da Economia quer, na verdade, é deslocar recursos da ampliação do Fundeb, que financia o sistema público de ensino, para bancar um voucher-creche. Desta forma, irriga com R$ 6 bilhões ao ano o setor da educação privada, a serem usados pelos beneficiários em escolas sabe-se lá de que qualidade.

Ainda não dá para dizer se há necessidade de afastamento de Ribeiro, da pasta, neste momento, ou se isto significa sorte ou azar do setor. Ele mal esquentou o lugar. O que se pode concluir é que a Educação nacional está sofrendo de “uruca” crônica. E, a despeito do total desprezo de Bolsonaro pela cultura afro e as religiões de matrizes africanas, o que o ministério da Educação precisa é de um bom projeto, um ebó, um banho de cheiro e muito defumador. Axé!

Escrito por:

Jornalista. Passou pelos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora-pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" e "Imaculada", membro do Jornalistas pela Democracia

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